"2016 foi o ano da gestão do imediato, da estabilização política e da preocupação com o rigor financeiro. 2017 tem de ser o ano da gestão a prazo e da definição e execução de uma estratégia de crescimento económico sustentado. Aprendendo a lição de que, no essencial, tivemos sucesso quando nos unimos", disse Marcelo Rebelo de Sousa, na sala das bicas do Palácio de Belém.
Na sua primeira comunicação ao país por ocasião do Ano Novo, de cerca de oito minutos, o Chefe de Estado considerou "indesmentível" a existência de "estabilidade social e política", salientando o acordo sobre o salário mínimo, a aceitação de dois Orçamentos do Estado pela União Europeia, o cumprimento das obrigações internacionais, o reforço do sistema bancário e a compensação a alguns dos mais atingidos pela crise.
"Quer isto dizer que demos passos - pequenos que sejam - para corrigir injustiças e criámos um clima menos tenso, menos dividido, menos negativo cá dentro e uma imagem mais confiável lá fora, afastando o espetro da crise política iminente, de fracasso financeiro, de instabilidade social que, para muitos, era inevitável. Tudo isto foi obra nossa - nossa, de todos os portugueses. No entanto, ficou muito por fazer", vincou.
Apesar de um "balanço positivo", Rebelo de Sousa lamentou o crescimento da economia "tardio e insuficiente", os cortes de financiamento em "domínios sociais", a dívida pública "muito elevada" e o sistema de justiça "lento".
"O caminho para 2017 é muito simples - não perder o que de bom houve em 2016 e corrigir o que falhou no ano passado. Não perder estabilidade política, paz e concertação, rigor financeiro, cumprimento de compromissos externos, maior justiça social, formação aberta ao mundo, proximidade entre poder e povo", defendeu.
O Presidente da República declarou ser necessário "completar a consolidação do sistema bancário, fomentar exportações, incentivar investimento, crescer muito mais, melhorar os sistemas sociais, mobilizar para o combate, sobretudo, à pobreza infantil e curar de uma Justiça que possa ser mais rápida e, por isso, mais justa".
Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou a importância da visita do papa Francisco a Fátima, em maio, e as celebrações que se avizinham dos 40 anos sobre a igualdade entre mulher e homem, na família e no Código Civil e dos 150 anos de abolição da pena de morte.
"Numa palavra, aumentámos o nosso amor-próprio como nação e ganhámos fôlego na formação para um novo tempo, com a Cimeira Digital ("WebSummit"), na presença constante junto dos compatriotas que, fora do nosso território físico, pertencem ao nosso território espiritual, em vitórias, por natureza, raras - de que o Euro [de futebol, França2016] foi feliz exemplo -, na afirmação do nosso papel no mundo, com a eleição aclamatória de António Guterres como secretário-geral das Nações Unidas", resumiu.
Comentários