Marcelo Rebelo de Sousa atribuiu ao embaixador António Mendonça e Moura a grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique, "num gesto incomum" e "simbólico", perante cerca de 75 representantes diplomáticos de Portugal que lhe vieram apresentar cumprimentos, na Sala dos Embaixadores do Palácio de Belém.

Na presença do primeiro-ministro, António Costa, e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, o chefe de Estado considerou que "situações únicas merecem soluções únicas" e que "assim é com a eleição do primeiro secretário-geral português das Nações Unidas".

Dirigindo-se a Augusto Santos Silva, acrescentou: "Toda a nossa diplomacia triunfou e, sem embargo do papel constante e do desvelo permanente do primeiro-ministro, vossa excelência, senhor ministro, demonstrou uma liderança que deve ser enfatizada".

Depois, Marcelo Rebelo de Sousa referiu-se ao embaixador de Portugal junto da ONU como "um missionário que converteu a sua missão em quase obsessão, moveu montanhas, transformou em diálogos muros inacessíveis, não se limitou a cumprir o seu dever, excedeu-se largamente nesse cumprimento".

"Ao condecorar, neste ensejo, por proposta dos senhores primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros, o senhor embaixador Álvaro Mendonça e Moura, homenageio a insuperável intervenção num feito irrepetível na nossa história contemporânea, mas homenageio de igual modo todo um corpo de eleição ao serviço de Portugal. Portugal, pela voz do seu Presidente da República, reconhece-o e agradece-o solenemente", concluiu.

Antes, numa curta intervenção, o ministro dos Negócios Estrangeiros desejou ao Presidente da República, em nome de todo o corpo diplomático português, "um feliz 2017, cheio de sucessos pessoais, familiares e também políticos e profissionais", afirmando que o seu sucesso "é o sucesso do país".

Santos Silva apontou a política externa portuguesa como "tipicamente uma política de Estado, marcada pela continuidade, pela estabilidade" e a diplomacia portuguesa como "uma das mais competentes e mais eficazes do mundo".

O ministro, que falou cerca de três minutos, acrescentou que a mensagem de Ano Novo do Presidente da República é "muito inspiradora" para o corpo diplomático: "Porque o senhor Presidente, muito bem, assinalou os resultados positivos do ano de 2016 e muito que nos espera em 2017, os desafios que nos esperam".

"Ter tido resultados positivos dá-nos confiança para enfrentar os nossos desafios no ano corrente", acrescentou.

No início da sua intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou para "realçar a colaboração institucional vivida em 2016" e para repetir parte da sua mensagem de Ano Novo, reafirmando a necessidade de "uma estratégia reformista de mais longo fôlego apostada no crescimento económico com justiça social".

Após falar do papel da diplomacia portuguesa ao longo da história, o chefe de Estado descreveu o atual contexto internacional como tempos de "acelerada, marginalização de camadas sociais nos chamados primeiro e segundo mundos", de "manifesto desajustamento da política e do direito quanto aos novos tempo e modo" e de "crise nos sistemas políticos do fim do século".

Segundo o Presidente, verifica-se um "protagonismo acentuado da Federação Russa, em particular nas zonas de vazio alheio" e um "acompanhamento chinês muito atento, em particular da realidade europeia e norte-americana, tudo num panorama de guerras e conflitos que se tornam endémicos, estados falhados ou dilacerados, terrorismo cada vez mais dirigido a vítimas indefesas, obsolescências de organizações internacionais".

Quanto à eleição de António Guterres para secretário-geral das Nações Unidas, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que confirmou "a excelência da diplomacia portuguesa", mas também "lhe coloca mais alta fasquia e a convida a mais intensos labores".

A Ordem do Infante D. Henrique destina-se a distinguir quem houver prestado serviços relevantes a Portugal, no país e no estrangeiro, assim como serviços na expansão da cultura portuguesa ou para conhecimento de Portugal, da sua história e dos seus valores.