Instado pelos jornalistas, em Mangualde, a comentar a demissão do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, Marcelo Rebelo de Sousa disse que não se pronuncia “sobre a vida interna de um país” que, ainda por cima, é o mais antigo aliado de Portugal.

No entanto, considerou que “o haver a guerra e o haver a agitação própria da guerra, ao mudar as condições de vida das pessoas” e “ao obrigar os governantes a estarem divididos permanentemente entre a gestão interna e a gestão externa, cria problemas adicionais em todas as partes do mundo”.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, demitiu-se da liderança do Partido Conservador, mas disse que se manterá na chefia do Governo até à eleição de um novo líder dos conservadores, apesar das vozes de dentro e fora do partido para que deixe já o executivo.

A demissão do líder conservador, de 58 anos, que assumiu o cargo de primeiro-ministro do Reino Unido em julho de 2019, ocorreu após a saída de dezenas de membros do seu executivo e de uma sucessão de escândalos.

No que respeita aos cem dias do Governo português, que se assinalam na sexta-feira, o Presidente da República considerou que foram “muito difíceis”.

“É muito difícil governar quando o mundo, neste momento, está muito diferente do que estava há seis meses. A guerra introduziu essa diferença”, levando a que a situação económica e financeira e, consequentemente, a social, esteja “muito diferente”, realçou.

Na sua opinião, “isso obriga a uma concentração dos governos em duas frentes: a frente lá fora, para ver se é possível chegar à paz o mais rapidamente possível e com a União Europeia unida” e “dentro dos países, para acorrer aos fogos que vão surgindo um pouco de vários sítios”.

“As guerras trazem turbulência. Esta ideia de que a guerra é dos outros, não é. Se fosse dos outros o combustível não estava tão caro cá dentro”, frisou.

O Presidente da República voltou a mostrar a sua preocupação com o que se passa nos aeroportos portugueses, mas disse aos jornalistas que a situação é “muito complicada” por toda a Europa e todo o mundo.

“É um caso internacional, não conseguem fazer o reajustamento rápido. E como estamos no período de ‘boom’ do turismo, de repente foi passar de um nível muito baixo, para um nível muito alto, e isso implica uma capacidade de resposta que não está a haver”.

No seu entender, “são as companhias aéreas que têm que se reajustar, são as gestoras de aeroportos que têm que se reajustar”.