Questionada sobre a questão da administração das vacinas a pessoas indevidas, a ministra da Saúde começou por dizer que "as responsabilidades pelo combate à pandemia e pela gestão das respostas à pandemia cabem ao Ministério da Saúde".

"E cabe também sublinhar aquilo que são situações — sob todos os pontos de vista — condenáveis, que são as situações de abuso ou de outro tipo de situações que também estão a ser muitas vezes referidas, que é o aproveitamento de vacinas quando não há condições para que as pessoas prioritárias, no momento em que estamos a gerir um tempo de administração que são seis horas, as possam tomar", afirmou Marta Temido.

Lembrando que "este é um processo novo" e que "não é desprovido de dificuldades", a ministra da Saúde frisou que "abusos têm de ter um enquadramento específico e não pararemos de lutar para que ele seja aplicado". Assim, é necessário não cair numa "avaliação precipitada", um vez que este "é um processo que também conta com muita gente a trabalhar muito bem, a aplicar vacinas muito cuidadosa e criteriosamente", num total de quase 400 mil administrações.

"Vale a pena pensarmos, com lucidez, naquilo de que estamos a falar. Estamos a falar de erros, de situações desviantes que têm de ter um enquadramento, estamos a falar de situações em que as pessoas foram vacinadas porque os prioritários não o podiam ser naquela circunstância. E vale a pena que os portugueses ponderem também esta dualidade, estas duas circunstâncias, e se deem conta dela", apontou Marta Temido, referindo que o Ministério da Saúde está a trabalhar para "uma melhor adequação do envio da quantidade de vacinas para cada local, para que estas situações sejam minimizadas ao máximo possível".

"Todos sabemos que pode haver sobras de vacinas e também não queremos que elas sejam desperdiçadas", acentuou, referindo a "seriedade" de todos no Ministério da Saúde quanto ao tema em causa.

Questionada sobre uma eventual discordância no tema por parte do atual coordenador da 'task-force' da vacinação contra a covid-19, Henrique Gouveia e Melo, a ministra respondeu que não se devem tentar "encontrar divergências onde elas não existem", dizendo que ainda que estão "completamente de acordo".

Contudo, Marta Temido referiu que "a revisão de regras", para que estas "sejam mais pormenorizadas" e "haja menos aleatoriedade é uma realidade e está a ser feita".

"Estamos a trabalhar com o senhor coordenador da 'task-force' para fazer isso, tal como antes estávamos a trabalhar com todos os elementos que compunham a 'task-force' para cumprir o alinhamento do plano. É esse o nosso objetivo e é essa a nossa realidade", apontou.

Quanto à necessidade de revisão, a ministra acentuou que "o plano de vacinação português tem, como quaisquer outros planos, dificuldades naquilo que é a sua implementação".

"Não podemos confundir situações de abuso com a gestão do plano, com a execução do plano ou com a qualidade do plano. É com esta transparência e com esta tranquilidade que digo que abusos serão enquadrados em sede própria", garantiu Marta Temido, lembrando que  o Ministério Público já deu essa garantia há uns dias.

"Mas temos de ter confiança nas pessoas que estão a trabalhar em nosso nome e deixá-las fazer o seu trabalho e também não fazer uma coisa que neste momento começo a sentir ser muito perniciosa no terreno, que é um manto de suspeição sobre todos aqueles que procuram fazer o melhor pelos nossos serviços de saúde", afirmou.