A dois dias da aprovação pelo Senado das medidas para concretizar a intervenção, uma fonte próxima de Puigdemont confirmou à AFP informações divulgadas pela imprensa sobre as divisões internas no Governo catalão.
De acordo com a fonte, o líder catalão ainda não tomou uma decisão e está a examinar os prós e contras para uma solução à disputa secessionista. Carles Puigdemont, tem até quinta-feira, 27 de outubro, às 10:00 locais, para entregar no Senado argumentos contra a aplicação do artigo 155 da Constituição espanhola, que suspende a autonomia da Catalunha.
"Tem consciência das condições de tudo", tanto da aplicação do artigo 155 da Constituição espanhola, invocado pelo governo central do primeiro-ministro Mariano Rajoy para intervir na autonomia catalã, como de uma convocação eleitoral clássica, que supõe acatar a ordem constitucional, disse à AFP a fonte.
De acordo com o jornal 'El Periódico de Cataluña', o vice-presidente catalão Oriol Junqueras não quer tomar uma posição e optou por aguardar.
As últimas eleições regionais na Catalunha aconteceram em 27 de setembro de 2015 e deram uma grande maioria aos independentistas.
A antecipação das eleições poderia evitar a intervenção anunciada no sábado passado pelo governo de Mariano Rajoy.
Entre as medidas que serão adotadas em caso de intervenção figuram a destituição em bloco do governo independentista catalão, a convocação de eleições regionais no prazo máximo de seis meses, assumir o controlo da polícia catalã - os Mossos d'Esquadra - e dos meios de comunicação públicos, assim como uma tutela rígida ao Parlamento catalão.
As medidas nunca foram aplicadas em 40 anos de democracia espanhola, numa região extremamente zelosa do seu autogoverno, e o tempo é cada vez mais curto, já que o Senado, onde o Partido Popular de Mariano Rajoy tem maioria, marcou para sexta-feira uma sessão que pretende aprovar a intervenção.
O governo de Rajoy reitera que o objetivo do artigo 155 é "restaurar a legalidade" na Catalunha, depois de o governo de Puigdemont ter organizado no dia 1 de outubro um referendo ilegal de autodeterminação: os independentistas afirmam que venceram com 90% dos votos, mas com uma taxa de participação de apenas 43%.
Nove dias depois, Carles Puigdemont no parlamento regional disse que assumia o “mandato do povo” para que a Catalunha seja um “Estado independente”, mas propôs a suspensão dos seus efeitos para procurar o diálogo com Madrid.
A resposta de Madrid teve lugar a 21 de outubro, com o Conselho de Ministros espanhol a decidir em reunião extraordinária intervir diretamente na autonomia da Catalunha por “desobediência rebelde, sistemática e consciente” do Governo regional (Generalitat).
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