Os incidentes, dos quais resultaram quatro feridos, tiveram lugar em 18 de janeiro, pelas 21:15, na Rua do Terreirinho, segundo fonte oficial do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP.

Na ocasião, a polícia referiu que, pelo menos, quatro pessoas foram feridas com arma branca e uma delas foi também baleada numa perna, tendo sido transportados para o hospital de São José.

Um mês depois da ocorrência desta rixa, que envolveu cerca de 40 bangladeshianos, o MP adiantou à Lusa a existência de um inquérito a este caso, que está em curso no Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa.

Ouvidos pela Lusa, associações locais, representantes da comunidade do Bangladesh e líderes religiosos divergem sobre o que terá estado na origem deste conflito.

Responsável pelo Centro Islâmico do Bangladesh (CIB), o Imã Abu Sayed referiu que se tratou de um “caso particular”, que não está relacionado com religião.

“Ouvi dizer que não foi por causa da mesquita. Não tem relação com a religião, foi particular. A rixa não tem relação nenhuma com a comunidade”, ressalvou.

A mesma opinião tem o ativista bangladeshiano Moin Uddin Ahamed, que vive em Portugal desde 2010.

“Não há cá religião nenhuma. É um caso particular. São quase irmãos, primos. Houve alguma coisa entre eles”, disse, acrescentando que a comunidade vai escrever uma petição contra essa família, uma vez que “incomoda muitas vidas”.

Com um olhar mais distante, a Associação Renovar a Mouraria, que trabalha diretamente com as diversas comunidades existentes naquele bairro lisboeta, acredita, também, que se trata de um problema familiar.

“O que nos parece é que, de facto, é uma questão interna, uma questão que envolve negócios. Não tem uma raiz cultural, religiosa ou discriminatória”, apontou a vice-presidente da associação, Filipa Bolotinha.

Já o Imã da Mesquita Central de Lisboa, Sheik David Munir, baseando-se em relatos de pessoas que estiveram indiretamente envolvidas na rixa, considera que houve motivações políticas.

“Foi-nos dito que alguns bangladeshianos trazem consigo o problema político do seu país. Eu acho que o problema político do seu país tem de ficar nas fronteiras do seu país”, argumentou.

A esse respeito, o líder religioso alertou para o facto de imigrantes do Bangladesh tentarem influenciar politicamente outros compatriotas.

Por seu turno, numa nota enviada à Lusa, a embaixada do Bangladesh em Portugal assegurou que estes conflitos não têm quaisquer ligações políticas ou religiosas.

“A Embaixada gostaria de ressalvar que os recentes desacatos na Mouraria não têm ligação com a eleição do presidente da comunidade ou com conflitos de grupos ou setores religiosos”, pode ler-se.

De acordo com esta entidade, o principal motivo para este incidente deve-se a “uma rivalidade antiga entre dois grupos influentes, que teve início ainda no Bangladesh”.

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