“Há um sentido positivo do aumento do valor das remessas pelo que ele significa de confiança no país, na economia e nas instituições bancárias”, vincou o governante durante a apresentação do Relatório da Emigração, que decorreu hoje no Palácio das Necessidades, em Lisboa.
“O primeiro elemento a salientar é que também se vê na série das remessas os mesmos sinais na série das saídas, ao maior dinamismo da economia portuguesa corresponde a maior confiança e maior propensão para transferir poupanças para Portugal”, acrescentou Santos Silva.
O segundo elemento, acrescentou o chefe da diplomacia, “é o significado das remessas, que sendo poupanças transferidas para Portugal, são uma parte importantíssima da formação de capital de que o país dispõe e tanto precisa”.
Na apresentação do Relatório da Emigração 2017, o ministro dos Negócios Estrangeiros salientou ainda que, “olhando para todo o século XXI, de 2000 a 2017, o conjunto de capital formado em Portugal por via das remessas atingiu cerca de 50 mil milhões de euros, o que o torna um dos processos de capital em Portugal mais dinâmicos e vivos e centrais”.
As remessas dos emigrantes no ano passado ultrapassaram pela primeira vez os 3,5 mil milhões de euros, o que representa uma subida de 6,3% face aos valores de 2016, segundo o Relatório da Imigração, hoje divulgado.
De acordo com os dados do documento, Portugal recebeu no ano passado 3.554,8 milhões de euros, o que equivale a um aumento de 6,3% face aos 3.343,2 milhões recebidos no ano anterior, sendo que dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) foram enviados 254,14 milhões de euros, representando uma subida de 17,3% face aos 216,6 milhões enviados em 2016.
“O volume de remessas originários dos PALOP conheceu no ano passado 17,2%, a primeira subida desde 2013, devido ao aumento das remessas provenientes de Angola (19%) e Cabo Verde (29%)”, lê-se no relatório, que realça que “96,6% do total procedente dos PALOP é oriundo de Angola, que subiu para o quinto lugar dos países emissores de remessas para Portugal, ultrapassando a Alemanha, não obstante a crise económica no país que impôs restrições à saída de divisas”.
No ano passado, “as transferências financeiras provenientes da emigração portuguesa (remessas) no exterior representam 1,8% do respetivo PIB nacional, o maior valor de sempre, sendo a primeira vez que é ultrapassada a barreira dos 3.500 milhões de euros (o pico anterior tinha sido verificado no ano 2000, com 3.458 milhões”), acrescenta-se no documento.
De acordo com o relatório, cerca de 90 mil portugueses emigraram em 2017, menos 10 mil do que em 2016, com o Reino Unido a manter-se o principal destino.
No documento, que compila dados relativos a 2017, nos países onde estão disponíveis, refere-se que “a emigração portuguesa continua numa tendência de descida sustentada” fortemente relacionada com “a retoma da economia portuguesa, sobretudo no plano da criação de emprego”, e “descida do desemprego”, com a “revitalização do mercado de trabalho”.
Esta tendência, segundo o relatório, elaborado pelo Observatório da Emigração, explica-se ainda pela “redução da atração de países de destino como o Reino Unido, devido ao efeito ‘Brexit’, e Angola, devido à crise económica desencadeada com a desvalorização dos preços do petróleo”.
A descida regista-se desde 2013, quando atingiu o pico de 120 mil, o máximo deste século, passando para 115 mil em 2014, 110 mil em 2015 e 100 mil em 2016.
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