“Acho que a vitória [em Lisboa] foi muito importante, deu uma dinâmica muito importante, e, como disse muitas vezes na campanha, acho que de Lisboa vamos ganhar o país. E, portanto, é isso que venho aqui dizer, para estarmos unidos, porque é a hipótese que temos de ganhar o país”, disse Carlos Moedas.
À chegada ao Europarque, em Santa Maria da Feira (Aveiro), onde decorre o 39.º Congresso do PSD, Carlos Moedas apelou à união do partido, lembrando que foi isso que “fez a diferença” nas autárquicas, em Lisboa.
“Estou aqui como presidente da Câmara de Lisboa para dar muito ânimo a toda a gente. E estou aqui para dar um grande abraço a Rui Rio, mas também a Paulo Rangel e a todos os que estão aqui que fazem o partido, que fazem esta união, que pode mudar as coisas em Portugal”, afirmou.
O autarca considerou ainda que os portugueses estão cansados e querem uma mudança, assinalando que há “uma asfixia de cansaço”, e deu conta do esforço que fez para estar presente no Congresso, em Santa Maria da Feira, para agradecer a todos os militantes que o apoiaram nas autárquicas.
“Eu costumava vir como militante de base e estou aqui como presidente da Câmara de Lisboa é uma sensação fantástica vir aqui agradecer a tantos que me apoiaram por este país fora (…) Devo muito ao meu partido. Devo muito a todas estas pessoas que estão aqui”, disse o autarca, que ainda hoje irá regressar a Lisboa para estar presente na cerimónia de encerramento da Capital Europeia do Desporto.
Moedas pede união e “inconformismo” e diz a Rio que "não está sozinho"
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, pediu hoje ao PSD que vá para as legislativas unido e com um “inconformismo moderado”, sem extremistas, e disse a Rui Rio que “não está sozinho”.
Carlos Moedas discursou hoje perante o 39.º Congresso do PSD e recebeu a primeira grande ovação da sala do Europarque, que finalmente quase encheu ao fim de um dia de trabalhos.
“As pessoas estão desiludidas com aqueles que querem o poder pelo poder. Só votarão em nós se estivermos unidos. Porque só unidos geramos confiança”, defendeu, agradecendo quer a Rui Rio a confiança que sempre teve em si, quer a Paulo Rangel por “tudo o que fez” por si desde a primeira hora.
Este agradecimento aos dois protagonistas das últimas diretas mereceu dos primeiros gritos “PSD, PSD” que se ouviram desde o arranque da reunião, na sexta-feira à noite.
No entanto, o antigo secretário de Estado de Passos Coelho - outro nome que mereceu muitos aplausos do Congresso - avisou que “a união não é suficiente”.
“Temos que ser concretos e inconformados contra um poder que anestesia o país. Ser um inconformista moderado é vencer sem alianças com os extremos”, disse, num recado implícito sobre a recusa entendimentos eleitorais com o Chega, que excluiu da coligação “Novos Tempos” que venceu as autárquicas.
Moedas apelou ao partido que corra o risco “de querer mudar” e citou Rui Rio, que já disse que sozinho é impossível fazer reformas”.
“E tem toda a razão. Mas Rui Rio, quero aqui dizer-lhe, alto e bom som, que não está sozinho. Tem um partido inteiro atrás de si. Tem um país ávido de mudança consigo”, afirmou.
Moedas disse que, com Rio, estão também “os quase três milhões de votos do professor Cavaco Silva, em 1991” e “os mais de dois milhões de votos de Pedro Passos Coelho, em 2011”, bem como “os dois milhões e meio de votos do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, este ano”.
“Estamos prontos ou não estamos prontos? Assim como mudamos Lisboa vamos mudar o país”, apelou, recebendo nova ovação de pé do Congresso.
Num discurso de apenas dez minutos, Moedas - que esteve sentado ao lado de Rio antes de discursar - começou por citar “um grande líder” do PSD, Cavaco Silva, que disse que “prestar contas é um imperativo de quem exerce cargos públicos”.
“E é isso que aqui hoje venho fazer: prestar contas, agradecer-vos tudo o que fizeram por mim e deixar-vos um humilde conselho de quem ganhou umas eleições em condições muito difíceis. E em que poucos acreditavam”, afirmou.
Da sua experiência em cargos públicos, Moedas destacou “uma crença inabalável na democracia ‒ e não nos populismos ‒, na Europa ‒ e não nos extremismos ‒, na mudança ‒ e não nos imobilismos”.
Entre os vários conselhos que deixou a Rio, Moedas frisou que é preciso “mudar sem destruir, mostrar às pessoas que elas contam, é não ser arrogante e sobranceiro, é ser humilde na liderança”, e pediu respostas concretas.
“Para que as pessoas mais idosas possam ir ao médico em vez de falar de saúde pública ou privada. Para oferecer aos mais novos e mais velhos transportes públicos gratuitos que reduzam a poluição da cidade em vez de falar conceitos vagos e impor soluções às pessoas que elas não compreendem. Para reduzir impostos e taxas que asfixiam a nossa economia e qualidade de vida dos portugueses”, exemplificou.
Carlos Moedas apelou a que o PSD saia deste Congresso “com ideias concretas que mudem a vida das pessoas, sem medo nem hesitações”.
“Eu acredito que será essa união, que será esse inconformismo moderado que nos pode levar à vitória (…) É com essa força que ganharemos o país, como ganhámos Lisboa, como ganhámos Portalegre, como ganhámos Coimbra, como ganhámos o Funchal, como ganhámos Barcelos”, considerou.
Moedas não terá participação ativa na campanha por ser presidente da câmara
O presidente da Câmara de Lisboa recusou hoje a ideia de um “efeito Carlos Moedas” no PSD, antecipando que não poderá ter uma participação ativa na campanha para as eleições legislativas precisamente porque está na governação da capital.
Pouco depois de uma intervenção que levantou o 39.º Congresso Nacional do PSD, que decorre até domingo em Santa Maria da Feira, distrito de Aveiro, Carlos Moedas deixou o Europarque, tendo respondido aos jornalistas que se o partido corresponder a “estes novos tempos que as pessoas tanto anseiam”, os sociais-democratas têm “uma oportunidade histórica” de ganhar as eleições legislativas.
“Não há aqui nenhum efeito Carlos Moedas. Sou presidente da Câmara de Lisboa, é nisso que estou empenhado todos os dias, portanto, a minha participação é realmente aqui como militante, sobretudo como militante neste dia do congresso”, contrapôs.
Questionado sobre a presença na campanha eleitoral, Carlos Moedas explicou que não terá “uma participação ativa” porque vai estar como presidente da câmara.
Sobre a reação entusiástica dos militantes ao seu discurso, no qual falou de Cavaco Silva ou Pedro Passos Coelho, o presidente da autarquia lisboeta referiu que, “de certa forma, as pessoas estão desiludidas” com a política.
“Estar desiludido da política faz com que as pessoas já não tenham a adesão que tinham no passado a um congresso partidário, a estar a ouvir na televisão como era no nosso tempo. Nós temos que nos reinventar, temos que reinventar os partidos de certa forma para ter essa capacidade de chegar às pessoas, isso faz-se através dessas novas caras, mas também com aquelas que nos inspiraram no passado”, enfatizou.
Sobre o almoço, em vésperas das eleições com Paulo Rangel – que perdeu as diretas do PSD para Rui Rio –, Moedas disse ser presidente da câmara e, portanto, “neutral”.
“Estive num almoço com Paulo Rangel, que é meu amigo, com quem almoço muitas vezes”, acrescentou.
(Artigo atualizado às 18:56)
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