No final do debate quinzenal, parte da intervenção da bancada socialista ficou a cargo do deputado Carlos Pereira, que trouxe o tema do aeroporto, acusando o PSD de “inconstância” ao longo dos últimos anos.
“É impossível alguém perceber o que o PSD quer, em 13 anos já teve quatro soluções e algumas variantes (…) O PSD não está importado com os portugueses, não está importado com Portugal, o PSD está importado consigo próprio, foi assim quando chumbou a linha circular do metro de Lisboa ou quando criou dificuldades ao Governo no IVA da eletricidade”, acusou.
Foi esta crítica que levou o primeiro vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, Adão Silva, a pedir a defesa da honra da bancada, numa altura em que os sociais-democratas já não tinham tempo de intervenção no debate.
“Foi uma intervenção de maledicência a roçar a arruaça, numa palavra foi uma intervenção miserável”, afirmou o deputado do PSD.
Adão Silva salientou que “neste momento o PSD não discute a localização, é Montijo ponto final”, mas o facto de o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, ter manifestado a intenção de fazer uma “lei à medida” para contornar a possibilidade de as autarquias afetadas vetarem a construção do aeroporto.
“O primeiro-ministro, António Costa, disse na minha terra, Bragança, que estava perplexo com o PSD. Estava tão perplexo e afinal reuniu-se hoje com os autarcas, desresponsabilizando e tirando o tapete ao seu ministro”, acusou o social-democrata.
O primeiro-ministro não se dirigiu diretamente ao PSD nesta fase do debate e reiterou que passou o tempo da decisão.
“O aeroporto da Portela tornou-se objetivamente um constrangimento ao desenvolvimento do país que tem de ser ultrapassado”, afirmou.
António Costa admitiu que existem “problemas a resolver numa freguesia da Moita e em duas freguesias do Seixal”, ambas no concelho de Setúbal, e assegurou estar a trabalhar com os presidentes de Câmara para os resolver.
“Nós não podemos assumir a não decisão, a não decisão tem enormes custos (…) Já perdemos tempo de mais e já não temos mais tempo para continuar a perder”, afirmou.
Antes, no tempo de intervenção do PS, a deputada Maria Antónia Almeida Santos saudou o tema escolhido pelo Governo para o debate - a preparação do país para o surto do Covid-19 - e os portugueses, incluindo os profissionais de saúde, pelo “grau de maturidade” com que têm lidado com esta ameaça.
“O Governo e o primeiro-ministro podem afirmar que o país está preparado e deixar os portugueses ainda mais tranquilizados?”, questionou.
Na resposta, o primeiro-ministro admitiu que “é ainda cedo para ter uma noção clara” de como irá evoluir a situação, uma vez que se trata de um vírus novo, existindo ainda “fatores de incerteza”.
“A serenidade, a confiança e a competência já demonstrada pelos nossos profissionais são a melhor garantia (…) Quando isto toca a doer é mesmo no Serviço Nacional de Saúde que os portugueses confiam”, disse, dirigindo-se especificamente à ex-líder parlamentar do CDS, Cecília Meireles, nesta parte da sua intervenção.
Nesta parte final do debate quinzenal, o presidente da Assembleia da República teve de pedir aos deputados que estavam a conversar ou “de costas” para o plenário que saíssem ou se sentassem, mas nem todos respeitaram a ordem.
“Já pedi para os senhores deputados que estavam de costas se virarem e o senhor continuou de costas. Agora vai sair e faz muito bem”, disse Ferro Rodrigues, dirigindo-se em particular ao deputado do PSD Paulo Leitão.
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