“Por um lado é uma mais-valia, porque vai investir em muitos postos de trabalho e nós estamos a passar por uma crise muito complicada, mas também traz desvantagens a nível de barulho e desconforto. Há aqui muita gente de idade e será uma complicação para eles”, disse à Lusa a moradora Ana Paula Lima, de 44 anos.
A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) viabilizou na terça-feira a construção do novo aeroporto no Montijo, estimando 15 a 20 milhões de euros para a adoção de medidas de mitigação do ruído, um dos impactos ambientais que mais tem preocupado a população e associações ambientalistas.
Está prevista a implementação de procedimentos de descolagem “menos ruidosos e que evitem ou minimizem o impacte sobre as áreas mais sensíveis” e a apresentação de um Programa de Reforço do Condicionamento Acústico de Edifícios afetados na área delimitada.
No entanto, o anúncio destas medidas não foi suficiente para convencer o morador José Henriques, de 58 anos, que é contra a nova infraestrutura porque “vai ter um grande impacto ambiental”.
“Eles [os aviões] passam pela minha casa e julgo que aquele ‘plafond’ que aprovaram não seja suficiente para isolar as casas todas, além da poluição ambiental dos escapes dos aviões e todo o impacto negativo que daí possa advir”, referiu.
Aliás, o morador nem acredita num possível aumento turístico no concelho porque “as pessoas apanham o avião e vão diretas para Lisboa, porque não vão ter motivos de interesse para visitar” o Montijo.
Pelo contrário, Domingues Palpita, trabalhador no café da Casa do Benfica, sublinhou que a construção do novo aeroporto “já devia ser para ontem”.
“Traz progresso para a vida, trabalho e movimento. Isto está tudo morto e é positivo quanto a mim. Pode haver a parte negativa, mas é muito mais pequena que a parte positiva”, defendeu.
A APA confirmou na terça-feira a viabilidade ambiental do novo aeroporto no Montijo, projeto que recebeu uma decisão favorável condicionada em sede de Declaração de Impacto Ambiental (DIA).
A Agência Portuguesa do Ambiente impôs que sejam cumpridas medidas - relacionadas com a avifauna, ruído, mobilidade e alterações climáticas – para "minimizar e compensar os impactes ambientais negativos do projeto, as quais serão detalhadas na fase de projeto de execução".
Esta decisão mantém cerca de 160 medidas de minimização e compensação a que a ANA - Aeroportos de Portugal "terá de dar cumprimento", as quais ascendem a cerca de 48 milhões de euros, adianta a nota da APA.
A decisão está a ser fortemente contestada por diversos municípios da região de Setúbal e também por várias associações de defesa do ambiente, que prometem recorrer a todos os meios legais para impedir a concretização da obra.
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