Jean-Paul Belmondo, símbolo da nouvelle vague, morreu esta segunda-feira, aos 88 anos, na sua casa em Paris, indicou Michel Godest, advogado do ator, à agência AFP.

O ator, a quem chamavam ‘Bébel’, participou em cerca de 80 filmes e interpretou papéis inesquecíveis em filmes como “O acossado”, de Jean-Luc Godard, no inicio da carreira, e “O irresistível aventureiro”, de Georges Lautner, na década de 1980.

Jean-Paul Belmondo, a quem os meios franceses de comunicação social chamam “monstro sagrado” do cinema francês, nasceu a 9 de abril de 1933, no subúrbio parisiense de Neuilly-sur-Seine, filho do escultor Paul Belmondo e da pintora Sarah Rainaud-Richard.

Belmondo frequentou várias escolas particulares em destaque na época, mas, ainda na adolescência, preferiu o boxe amador. Em 1952, foi admitido no Conservatório Nacional de Artes Dramáticas, abrindo caminho para uma carreira que não abandonou os palcos, mas que foi dominada pelo cinema, e que se estendeu por meio século.

Durante a década de 1950, desempenhou pequenos papéis no teatro e no cinema, interpretando personagens secundárias de Anouilh, Feydeau e George Bernard Shaw.

Um pequeno papel no filme Un Drôle de Dimanche, de Marc Allegret, visto pelo então crítico dos Cahiers du Cinema Jean-Luc Godard, abriu-lhe as portas para O Acossado. A longa-metragem que marcou a emergência da nouvelle vague, chegou às salas em março de 1960 e afirmou-o, desde logo, como um dos principais rostos do cinema francês.

Seguiram-se outros filmes como Uma mulher é uma mulher e Pedro, o louco, de Godard, O Ladrão de Paris, de Louis Malle, A sereia do Mississipi, de François Truffaut, que marcaram a carreira de ‘Bébél’, na década 1960, e a nova vaga do cinema.

Depois de ter contracenado com atrizes como Jean Seberg, Anna Karina, Catherine Deneuve, Claudia Cardinale e Sofia Loren, nos anos de 1960, entrou na década seguinte com Borsalino, de Jacques Deray, que o consagrou no papel de gangster, ao lado de Alain Delon.

Onze anos mais tarde, em 1981, O profissional definiu a imagem de um Belmondo mais duro, com o agente secreto francês que combinava os modelos de James Bond e Dirty Harry, e que dominaria a perspetiva de Belmondo nos anos seguintes.

Ao longo das décadas de 1970 e 1980, é aliás o cinema de ação que marca o percurso do ator.

Sucederam-se filmes como Bandido Bem-Amado, Medo Sobre a Cidade, O Incorrigível, O Implacável, Polícia ou Ladrão, Às dos Ases, O Marginal, Os Destemidos, O Golpe do Génio.

Em 1988, foi distinguido com um César de Melhor Ator, o equivalente francês dos Óscares, pelo papel que interpretou em Itinerário de uma vida, de Claude Lelouch, o seu último grande sucesso no cinema.

Foi a sua única nomeação e a sua única conquista nos Prémios César, apesar da popularidade do ator.

Na década de 1990, foi Jean Valjean em Os Miseráveis, de Claude Lelouch, e entrou nos anos 2000, numa reflexão sobre "Os Atores", dirigida por Bertrand Blier, pouco antes de um acidente vascular cerebral, em 2001, o ter afastado dos palcos e dos ecrãs.

Regressou ao cinema em 2008, em Un homme et son chien, de Francis Huster, no papel de um velho sem casa, nem meios, a tentar sobreviver.

Em 2011, recebeu a Palma de Ouro honorária do Festival de Cinema de Cannes, em França, e, em 2016, o Leão de Ouro de Carreira do Festival de Cinema de Veneza, em Itália.

Em 2017 voltaria a receber um César, desta vez, honorário.

Ao longo da carreira, além de Jean-Luc Godard, Georges Lautner, Louis Malle e François Traffaut, Belmondo foi dirigido, entre outros, por Alain Resnais, Vittorio de Sica, Agnès Varda e Jean-Pierre Melville.

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