Em agosto deste ano, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas norte-americana, que atribui os Óscar, realizou uma cerimónia no novo museu, em Los Angeles, na costa oeste dos Estados Unidos, de homenagem a Littlefeather e, durante a qual, pediu desculpa publicamente pelo tratamento dado à atriz há quase 50 anos.

Numa mensagem, publicada na rede social Twitter, sobre a morte da atriz, a Academia citou Littlefeather: "Quando eu tiver partido, lembra-te sempre que sempre que ao defenderes a tua verdade, manterás viva a minha voz e as vozes das nossas nações e povos".

Littlefeather, que era apache e yaqui, foi vaiada nos prémios da Academia de 1973, na primeira cerimónia a ser transmitida em direto para todo o mundo, quando explicou, em nome de Marlon Brando, por que razão o ator recusava aceitar o Óscar de melhor ator em "O Padrinho".

Brando tinha pedido a Littlefeather que recusasse o prémio em seu nome, num protesto contra o tratamento dado pela indústria cinematográfica aos nativos americanos.

"Entrei, como uma mulher orgulhosa, com dignidade, coragem, graça e humildade", disse Littlefeather, na cerimónia do museu.

"Sabia que tinha de dizer a verdade. Algumas pessoas podem aceitá-lo. E algumas pessoas não podem", acrescentou.

A atriz e ativista contou ainda que teve de impedir o ator John Wayne, popularizado pelos vários papéis de 'cowboy' em 'westerns', de a agredir fisicamente quando saiu do palco.

Littlefeather, membro do Screen Actors Guild, o primeiro sindicato de atores de cinema fundado em 1933, teve então dificuldade em encontrar trabalho em Hollywood.

Antes da cerimónia e em resposta às perguntas dos jornalistas, sobre como se sentia por ter esperado tanto tempo por um pedido de desculpas, Littlefeather afirmou: "Nunca é tarde demais para um pedido de desculpas. Nunca é tarde demais para o perdão".