O diretor executivo da Aliança Mundial para Melhorar a Nutrição (GAIN, na sigla em inglês) falava numa conferência em Roma.
Haddad considerou que o setor privado está a influenciar os consumidores com mensagens que pretendem criar aspirações e emoções a partir do consumo de produtos não saudáveis, enquanto o setor público não convence de igual forma sobre a necessidade de uma boa alimentação.
Comparou os mil milhões de dólares que investiram em publicidade, em 2016, as multinacionais norte-americanas Hershey (de chocolate) e General Mills (cereais, gelados e outros), com apenas 50 milhões destinados dois anos antes à ajuda global para fomentar dietas que previnam doenças não transmissíveis.
O perito recomendou aos governos para “criarem apelos para alimentos nutritivos” e procurarem sócios privados que colaborem na luta contra a má nutrição.
Estima-se que uma em cada três pessoas no mundo sofra de diferentes formas de má nutrição – fome aguda, carência de micronutrientes, excesso de peso e obesidade – e que, se nada for feito, poderá ser afetada uma em cada duas pessoas em 2030.
O facto de as “dietas pobres” contribuem para seis dos 10 principais fatores de doença na Índia e para cinco em Itália mostra que têm um impacto semelhante na maioria dos países.
Em todos esses casos, o denominador comum é “o consumo inadequado de alimentos”, apontou Haddad, sublinhando que as empresas “são parte do problema, mas também da solução”, pelo que há que dialogar com estas para alterarem o modelo de negócio e sejam mais responsáveis.
Segundo informação da fundação Acesso à Nutrição, dos mais de 20.000 produtos analisados nas 22 maiores companhias de alimentos e bebidas do mundo, 32% foram catalogados como “sãos”, apesar de apenas 14% cumprirem padrões internacionais para venda a menores.
“O ambiente dos sistemas alimentares não está a facilitar-nos na hora de tomar decisões inteligentes” em matéria de dieta, disse Haddad, reclamando uma alteração das normas sobre as etiquetas, impostos ou ementas escolares considerando “o que funciona”.
Citou estudos de acordo com os quais o consumo diário de cinco peças de fruta e verdura custa até 52% das despesas da casa em alguns países, no meio de uma tendência de encarecimento desses alimentos e de embaratecimento dos que contêm alto teor de gordura e açucares.
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