O Comité justificou a decisão com os esforços dos dois laureados para acabar com a violência sexual como arma nos conflitos e guerras de todo o mundo.

"Cada um à sua maneira tem ajudado a dar uma maior visibilidade à violência sexual em momentos de guerra, para que os abusadores possam ser responsabilizados pelas suas ações", pode ler-se no anúncio oficial do Comité Nobel.

Denis Mukwege, com 63 anos, é um médico ginecologista congolês que tem desenvolvido uma ação humanitária na República Democrática do Congo, onde trata mulheres vítimas de violação.

O médico é um dos maiores especialistas mundiais na reparação e tratamento de danos físicos provocados por violação e no seu hospital em Bukavu trata mulheres que foram violadas por milícias na guerra civil do Congo.

Durante os 12 anos de guerra tratou mais de 21.000 mulheres, algumas mais do que uma vez, chegando a fazer mais de 10 cirurgias por dia.

Mukwege também já foi galardoado com os prémios Olof Palme (2008), Sakharov (2014) e veio a Portugal receber o Prémio Calouste Gulbenkian em 2015.

Nadia Murad é uma ativista de direitos humanos yazidi e é, desde setembro de 2016, a primeira Embaixadora da Boa Vontade para a Dignidade dos Sobreviventes de Tráfico Humano das Nações Unidas.

Murad, então com 21 anos, foi sequestrada pelo grupo terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante em agosto de 2014 e mantida como escrava sexual na cidade de Mossul.

Nadia Murad fugiu em novembro de 2014, conseguindo chegar a um campo de refugiados no norte do Iraque, e, em seguida, a Estugarda, na Alemanha.

Desde então tem sido porta-voz da causa yazidi, tal como a sua amiga Lamia Haji Bachar, com a qual venceu, em conjunto, o Prémio Sakharov do Parlamento Europeu em 2016.

Estima-se que mais de três mil yazidis permaneçam desaparecidos.

No ano passado, o prémio foi hoje à Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN, em inglês), pelo trabalho feito para a eliminação de armamento nuclear no mundo.

Os prémios Nobel nasceram da vontade do químico, engenheiro, inventor, industrial e filantropo sueco Alfred Nobel (1833-1896) em doar a sua imensa fortuna para o reconhecimento de personalidades que prestassem serviços à humanidade.

Os prémios foram atribuídos pela primeira vez em 1901.

Desde 1901, foram atribuídos 98 prémios Nobel da Paz a um total de 131 laureados (104 indivíduos e 27 organizações).

Na lista dos prémios Nobel da Paz constam apenas 16 mulheres, incluindo a mais jovem laureada de sempre, a ativista paquistanesa Malala Yousafzai, que tinha 17 anos quando recebeu a distinção em 2014.

Atualmente com um valor monetário de nove milhões de coroas suecas (873 mil euros), o prémio não foi atribuído em 19 ocasiões, nomeadamente durante o período da Primeira e da Segunda Guerra Mundial.

Em 2017, o Nobel da Paz foi atribuído à Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN).

A cerimónia de entrega do prémio está agendada para 10 de dezembro em Oslo.