Como forma de protesto ao cancelamento do prémio, um grupo constituído por mais de 100 figuras culturais suecas, entre as quais jornalistas e autores, decidiram criar a Nova Academia, que vai entregar a sua versão do prémio no outono, seguindo os mesmos calendários do Nobel.
“Ao atribuir este prémio estamos a constituir um protesto. Queremos mostrar às pessoas que o trabalho cultural sério não tem de ocorrer num contexto de linguagem coerciva, irregularidades ou abuso”, refere a nova organização.
Em comunicado na página ‘online’ já criada, o grupo diz ter fundando a Nova Academia “para relembrar as pessoas de que a literatura e a cultura deveriam promover a democracia, transparência, empatia e respeito, sem privilégios, viés, arrogância ou sexismo.”
Ainda no comunicado, a Nova Academia defende que “numa altura em que os direitos humanos estão, cada vez mais, a ser questionados” a literatura se torna numa força, ainda mais importante, para lutar contra a cultura do silêncio e da opressão.
Em contraste com o Prémio Nobel, este prémio procura premiar o escritor que conte a história de “humanos no mundo”, em vez de premiar o trabalho “que mais se destaca numa direção ideal”.
Segundo o Guardian, a Nova Academia está a apelar para que todos os bibliotecários suecos nomeiem os seus autores favoritos, sendo que estes podem ser de qualquer parte do mundo e devem ter, pelo menos, duas obras escritas, tendo uma delas sido publicada nos últimos dez anos.
O júri constituído pela editora Ann Pålsson, pela professora universitária Lisbeth Larsson e pela bibliotecária Gunilla Sandin vai anunciar o vencedor em outubro, tal como é habitual no Prémio Nobel.
Esta organização será dissolvida no dia 11 de dezembro, um dia após o vencedor ser galardoado numa cerimónia formal.
O Prémio Nobel da Literatura poderá ficar suspenso por mais de um ano, admitiu, no final de maio, o diretor da Fundação Nobel, afirmando que os problemas na Academia Sueca têm de ser resolvidos antes de o prémio ser entregue.
O Prémio Nobel de literatura não será atribuído em 2019, a menos que seja restabelecida a confiança na Academia Sueca, revelou o diretor executivo da Fundação Nobel, citado pelo jornal The Guardian.
Esta possibilidade foi avançada algumas semanas após o cancelamento do prémio de 2018, na sequência de denúncias de assédio e de violência sexual e de alegações de má gestão.
A 04 de maio, a Academia Sueca - que escolhe o vencedor do maior prémio literário do mundo - anunciou que não entregaria o galardão em 2018, após acusações de assédio e abuso sexual, de 18 mulheres, contra o fotógrafo Jean-Claude Arnault, influente figura da cena cultural sueca, casado com a escritora e membro da Academia Katarina Frostenson.
A forma como a academia lidou com as alegações, que foram negadas pelo marido de Katarina Frostenson, conduziu a várias demissões, entre as quais da secretária permanente, Sara Danius, deixando apenas dez membros ativos, sendo necessários 12 para eleger novos.
Com vista a dar tempo para que o público recuperasse a confiança, a academia disse que, em vez de atribuir o prémio em 2018, escolheria dois laureados em 2019.
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