A procura pelo paradeiro do dono ou dona desta pen drive, de acordo com o The Guardian, foi mesmo à escala mundial e revelou que, afinal de contas, pertence à pessoa que ajudou a recolher e enviar as ditas fezes para o laboratório que encontrou o dispositivo de armazenamento.
Se não está familiarizado com esta história, recorde-se que, no início da semana passada, um grupo de cientistas neozelandeses que examinavam uma amostra congelada de fezes de foca-leopardo encontraram uma pen drive [um dispositivo de armazenamento móvel usado para guardar documentos digitais] que continha imagens de leões-marinhos numa praia. As fezes ficaram armazenadas num congelador durante mais de um ano e foram descongeladas para uma investigação sobre as focas-leopardo.
Ora, a pessoa em questão — e proprietária da agora célebre pen drive — é a neozelandesa Amanda Nally, a única voluntária do laboratório para a recolha de fezes de foca-leopardo em toda a costa sul daquele país e que, ao ver as notícias com as suas fotografias nas reportagens, rapidamente reconheceu que se tratava do seu pertence. Porque Nally não é estranha ao contacto com uma foca-leopardo. É, aliás, uma entusiasta pela espécie. Mas, voltemos ao início.
Dezembro de 2017. A história começa com um telefonema de Nally para uma linha de apoio animal, indicando que no extenso areal da praia de Oreti, um ponto bem a sul da Nova Zelândia, a mais de 1000 quilómetros de distância da capital Wellington, estava um espécime que lhe parecia demasiado magro. Um veterinário foi chamado de pronto ao local para o examinar. E, aferido o estado de saúde da foca-leopardo, chegou-se à conclusão de que este estava em "condições razoáveis". Porém, ainda assim, Nally sugeriu que as suas fezes fossem enviadas para análise — o que estava longe de imaginar é que com elas tinha ido também a sua pen drive.
Estas fezes, como explicou o Instituto Nacional da Água e de Pesquisa Atmosférica (NIWA) no dia em que deu a conhecer ao mundo a existência da pen drive, são muito importantes para os investigadores, pois é possível saber através delas o que é que estes predadores comem, perceber o estado da sua saúde e apurar há quanto tempo estão em águas neozelandesas.
Inicialmente, a neozelandesa pensou que tinha perdido o dispositivo enquanto examinava a foca, mas os cientistas da NIWA estão convencidos que a história por trás do seu desaparecimento é ainda mais bizarra e improvável.
"A pen drive estava bem incorporada no cocó. [Por isso, os cientistas] da NIWA estão convencidos que uma ave ingeriu a pen, e depois a foca comeu a ave, porque estavam imensas penas na amostra recolhida", confidenciou Nally. Pois bem, esta teoria, de acordo com o The Guardian, que cita um porta-voz da NIWA, é factual e corresponde à verdade. Esta é a crença da equipa de cientistas sobre aquilo que realmente aconteceu no momento do desaparecimento da pen drive.
Todavia, Nally não parece preocupada em reaver o seu objeto informático e até já disse à instituição para ficar com ele. É que, segundo a própria, existem cópias de segurança do seu conteúdo noutros locais. E confessa: "Isto é provavelmente a mais estranha cadeia de coincidências da minha vida — de sempre".
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