Há dias que nascem com bons augúrios. Este foi um deles. 

Em matérias de participação olímpica, a medalha andava a escapar a Portugal desde o início de Tóquio2020. Depois da queda precoce da judoca Telma Monteiro — tida como uma das maiores esperanças para trazer títulos de volta para o país, feito que atingiu em Rio2016 —, hoje foi a vez do seu colega de modalidade, Jorge Fonseca, procurar a glória olímpica. E conseguiu-o.

Bem, talvez não perante os seus padrões. Ao bicampeão do mundo interessa apenas uma coisa: ouro. Sobreviver a um cancro e desafiar todas as expectativas cria esse tipo de ambição. Mas Jorge Fonseca teve de se “contentar” (reforce-se as aspas em redor desta palavra) com a medalha de bronze. Ele próprio o disse: “foi saboroso, mas queria mais".

Depois de falhar a final diante o sul coreano Cho Guham — cãibras na mão esquerda ditaram este desfecho, a competição olímpica decide-se nos detalhes —, levou o canadiano Shady Elnahas de vencido e subiu ao pódio na categoria de -100 kg.

A vitória, essa dedicou-a à mãe — que o apoiou desde que se mudaram de São Tomé e Príncipe para a Damaia, ponto de partida para a conquista do mundo —, mas também às marcas desportivas Adidas e Puma. “Porque me disseram que não tinha capacidade para ser representado por eles. Sou bicampeão do mundo e agora terceiro nos Jogos Olímpicos. Que estatuto preciso mais?" Aos nossos olhos, nenhum — Jorge Fonseca já estava na história do desporto e apenas reforçou o seu palmarés neste dia de verão. Segue-se Paris2024.

A manhã, portanto, foi saborosa. O que nos reservaria a tarde?

Já se sabia que, findada a reunião do Conselho de Ministros, António Costa surgiria com boas novas para dar ao país quanto à “libertação da sociedade e da economia”, só não sabíamos quais. O sinal tinha sido dado na reunião decorrida no auditório do Infarmed esta terça-feira, quando o painel de especialistas convidado sugeriu um novo modelo de desconfinamento e uma alteração da matriz de risco.

Quanto à segunda, apesar de não ter sido modificada, torna-se efetivamente obsoleta. “Vamos deixar de fazer a associação das medidas semanalmente adotadas em função da evolução da matriz”, disse o primeiro-ministro. Ao invés, vai passar a ser a taxa de vacinação a determinar o ritmo do desconfinamento, literalmente.

Os especialistas tinham aconselhado quatro fases de desconfinamento consoante quatro situações de vacinação. O Governo reduziu para três, associadas à percentagem de população que as autoridades estimam ter a vacinação completa contra a covid-19 em 1 de agosto (57%), 5 de setembro (71%) e outubro (85%).

Portanto, é já neste domingo que começa uma nova fase para o país, sendo que vão ser implementadas as seguintes medidas:

  • Regras iguais em todo o território continental, deixando de haver medidas diferenciadas por concelhos;
  • Fim da limitação de circulação na via pública a partir das 23:00:
  • Teletrabalho deixa de ser obrigatório e passa a ser recomendado em todo o continente;
  • Restaurantes passam a poder estar abertos até às 2:00 da madrugada, o número máximo de pessoas por grupo passa a ser seis no interior e dez nas esplanadas e os clientes continuam a ter de apresentar certificados de vacinação ou testes negativos à sexta-feira à noite, ao fim de semana e aos feriados;
  • Reabrem equipamentos de diversão, como carrosséis e jogos itinerantes, desde que cumpram as regras da Direção-Geral da Saúde (DGS) e em local autorizado pelo município;
  • Acabam as restrições de horários para o comércio;
  • Volta a ser permitido público nos eventos desportivos, com regras a definir pela DGS;
  • Casamentos e batizados com limite de lotação de 50%;
  • Eventos culturais com público até 66% da lotação do espaço e com alargamento do horário até às 2:00.

Na segunda fase, iniciando-se em setembro, há que destacar deixar de ser obrigatório usar máscara em espaços públicos ao ar livre. Já na terceira, deixa de haver limites no número de pessoas por grupo em restaurantes, cafés e pastelarias, tanto no interior como nas esplanadas e reabrem as discotecas.

A chave para que tudo isto funcione, realçou o Governo, está na apresentação dos certificados digitais de vacinação ou teste negativo. Aliás, se ainda não sabe, tome nota, é obrigatório apresentar um dos dois numa destas situações:

  • viagens por via aérea ou marítima;
  • estabelecimentos turísticos e alojamento local;
  • restaurantes no interior ao fim de semana e feriados;
  • ginásios para aulas de grupo, termas e ‘spas’, casinos e bingos;
  • eventos culturais, desportivos ou corporativos com mais de 1.000 pessoas (em ambiente aberto) ou 500 pessoas (em ambiente fechado) e casamentos e batizados com mais de 10 pessoas.

Depois da apresentação, mais uma agradável surpresa — esta, definitivamente, devido a um lapso de comunicação do Governo: ficámos a saber que os bares, fechados desde o início da pandemia, vão reabrir a partir de domingo, com as mesmas regras dos restaurantes.

Um bom dia, tendo tudo isto em conta, certo? Bem, não, o título foi mentiroso. Hoje também foi o dia em que Portugal perdeu o poeta Pedro Tamen e, assim, um dos seus vultos intelectuais. Ganhámos medalhas e esperança, perdemos um dos nossos “grandes”. As contas cósmicas nunca perdoam.

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