O mês de julho foi o mais quente a nível global, informação dada pelo serviço europeu Copernicus. Este mês foi marcado por ondas de calor e incêndios em todo o mundo. Em Portugal, as temperaturas estiveram próximas do normal, tendo aumentado a área de seca, atualmente 97% do território. Alentejo e Algarve são as regiões mais afetadas.

Na parte continental portuguesa as temperaturas foram normais para a época, sem ondas de calor, devido ao chamado anticiclone dos Açores, que provocou a entrada de ar marítimo de norte (a nortada), mais húmido e frio. A situação, habitual, também impediu que chovesse, pelo que julho foi muito seco em relação à precipitação. A temperatura média esteve um pouco acima do normal (+0,34ºC), a mínima -0,23 ºC abaixo do normal, e a máxima +0,90 acima do normal.

Apesar de temperaturas normais, Portugal tem sido fustigado por vários incêndios. Odemira, até agora, foi dos maiores. O incêndio rural começou numa área de mato e pinhal a meio da tarde de sábado e entrou também nos concelhos algarvios de Monchique e Aljezur (distrito de Faro). A área ardida ascende a cerca de 8.400 hectares, num perímetro de 50 quilómetros.

Hoje, o primeiro-ministro afirmou que o Governo está a avaliar os danos do incêndio que deflagrou no sábado, que se encontra em fase de rescaldo, para depois decidir os apoios para quem foi afetado.

A ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, também se reuniu-se com os agricultores afetados por este fogo e anunciou que o Governo vai disponibilizar um apoio financeiro a quem ficou sem alimentação para os animais devido ao incêndio. A governante realçou também que, no final da época de incêndios, o Governo vai abrir uma medida extraordinária, com verbas do Programa de Desenvolvimento Rural, para apoiar os agricultores que perderam infraestruturas com os fogos.

Noutro setor, o do turismo, os empresários afetados pelo incêndio estão ainda a contabilizar os prejuízos e a trabalhar para retomar as reservas nas unidades, disse hoje à Lusa o secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Nuno Fazenda, que visitou a área atingida pelo fogo.

Olhando novamente para a Europa, em diversas regiões no hemisfério norte, particularmente no sul, foram registadas ondas de calor de elevada intensidade e extensão, tendo sido registadas anomalias de temperatura média do ar de cerca de +4ºC na Itália, Grécia e Espanha.

No Norte da Europa, a conversa é um pouco diferente. Por exemplo, o nível das águas nos rios e lagos na Noruega continua a subir após vários dias de chuvas torrenciais causadas pela tempestade Hans. Um dos locais mais afetados foi a cidade de Honefossen, onde o rio Begna galgou as margens e cerca de duas mil pessoas já foram retiradas. As autoridades estão a avaliar mais evacuações na região sudeste do país, com receio de deslizamentos de terras.

O chefe regional de Saúde, Desastres, Crise e Clima da FICV na Europa, Andreas von Weissenberg, numa conferência de imprensa, destacou o impacto da tempestade Hans neste país e também olhou para o impacto das alterações climáticas na Europa.

“A ciência vai dizer qual a relação direta das alterações climáticas com estes eventos isolados, mas são exemplos do que veremos daqui para frente e temos que aumentar proporcionalmente a nossa adaptação a essa nova realidade”.

Fora da Europa, também parece haver o binómio 'incêndios/inundações'. Na China, o número de mortes provocadas pelas inundações ocorridas na província de Hebei aumentou para 29, informou hoje a imprensa estatal, após níveis recorde de chuva terem atingido a região nas últimas semanas.

Nos Estados Unidos da América, mais propriamente no estado do Havai, são vários os incêndios que assolam o arquipélago. O maior incêndio começou a propagar-se na terça-feira, na cidade de Lahaina, uma das mais populares entre os turistas, e obrigou muitos habitantes a resguardarem-se nas águas do mar para escapar às chamas e ao fumo. Os incêndios afetam também Kula, outra zona da ilha de Maui, assim como a península de Kohala, na ilha do Havai. As autoridades norte-americanas já decretaram o estado de emergência.