Em declarações aos jornalistas no parlamento, pouco depois da conferência de imprensa do secretário-geral do PS após a reunião com o primeiro-ministro sobre o Orçamento do Estado, o líder da IL, Rui Rocha, considerou que Pedro Nuno Santos provou que “nunca quis negociar”.
“Aquilo que Pedro Nuno Santos apresenta não são propriamente propostas. É uma declaração de guerra ao Orçamento. (…) Arrecadará com as responsabilidades desta declaração de guerra que faz ao Orçamento”, disse.
Rui Rocha avisou que “se o Governo, por acaso, ceder nestas matérias à pretensão de Pedro Nuno Santos, a IL estará do lado contrário a essa aproximação do Governo da Aliança Democrática (AD) ao PS”, salientando que o seu partido defende uma redução de impostos e o PS está a propor “mais despesa pública”.
Por sua vez, o deputado do PCP António Filipe referiu que, apesar de o IRC e o IRS Jovem serem importantes e de o partido rejeitar as duas propostas, não constituem o âmago do Orçamento do Estado, que considerou estar nas políticas para o SNS, habitação, salários ou educação.
“O problema do Orçamento do Estado não está apenas aí, está em questões centrais que vão ter de estar em discussão e que, tanto quanto temos ouvido, têm estado ausentes dessas reuniões entre o PSD e o PS”, disse, frisando que, mesmo abdicando do IRS Jovem e do IRC, o Orçamento continuaria a ser negativo.
Já o co-porta-voz do Livre, Rui Tavares, lamentou que as negociações orçamentais estejam a ser “dominadas pela política e pela tática, e não pelo trabalho antecipado com números e a participação de peritos”.
O deputado do Livre criticou ainda a postura negocial do Governo, acusando-o de não ter feito “nenhum avanço em relação a propostas de outros partidos” e de ter comprometido o excedente orçamental com as suas medidas, deixando “só migalhas” para negociar no Orçamento.
“O Governo está longe de chegar à maioria absoluta - faltam-lhe 36 deputados - e, portanto, não se pode colocar nesta posição de tentar encostar os outros à parede, a não ser que queira ir para eleições, o que me parece que pode justificar uma parte da atitude do Governo”, referiu.
O secretário-geral do PS afirmou hoje que rejeita um Orçamento do Estado com as alterações ao IRS e IRC propostas pelo Governo, “nem nenhuma modelação” dessas mesmas medidas, porque estas “são más” e nem isso as tornaria boas.
Pedro Nuno Santos propôs ainda que a margem orçamental destinada ao IRS Jovem seja aplicada em investimento público para habitação da classe média, num aumento extraordinário de pensões e num regime de exclusividade para médicos no SNS.
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