A ofensiva, há muito aguardada, acontece mais de dois anos depois de o grupo terrorista Estado Islâmico ter tomado a segunda mais importante cidade do Iraque, onde estabeleceram a base para tomar controlo de grandes fatias do Norte e do Oeste do Iraque.

A operação deverá demorar semanas, ou meses, dependendo em grande medida da resistência montada pelos vários milhares de jihadistas do EI entrincheirados em Mossul (entre 3.000 e 5.000, de acordo com fontes militares). Já depois de a ofensiva estar em marcha, o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, declarou que as operações estavam a correr melhor do que o esperado.

Na vertente humanitária, estima-se que residam em Mossul cerca de 1,5 milhões de civis. As Nações Unidas afirmam que os jihadistas estão a recolher pessoas, à força, nas localidades perto de Mossul para as obrigar a servir de escudos humanos na cidade quase cercada. Além disso, os residentes em Mossul não estão a ser autorizados a sair, presumivelmente pelo mesmo motivo.

A ONU tem preparados três acampamentos de deslocados perto de Mossul, com capacidade para 45 mil pessoas. Planeia ainda erguer mais 11 campos, para um total de 120 mil pessoas. No entanto, apenas registou até ao momento cerca de 3.900 pessoas deslocadas de Mossul para localidades longe da guerra. Relatos a partir do interior de Mossul dão conta da falta de mantimentos básicos.

A coligação de forças iraquianas e curdas iniciaram o ataque contra Mossul em várias frentes. De 17 a 19 de outubro unidades do exército iraquiano atacaram a partir do sul, da base aérea de Qayyarah. Também atacaram Kuwayr, a sudeste, tomando várias aldeias.

Os Peshmerga também capturaram várias aldeias perto de Khazer, a Leste de Mossul.

Na quinta-feira, os combatentes curdos lançaram uma operação de grande envergadura a Leste e a Norte da cidade, enquanto as forças regulares iraquianas reconquistaram a cidade de Bartila, a menos de 15 quilómetros de Mossul. Já na sexta-feira, as forças governamentais anunciaram ter retomado o controlo de mais duas aldeias – al-Awaizat e Nanaha – a sul de Mossul.

O Estado Islâmico montou um contra-ataque perto da cidade de Kirkuk (160 quilómetros a sudeste de Mossul), matando pelo menos 19 pessoas.

De acordo com os britânicos IHS Conflict Monitor, o Estado islâmico tem vindo a perder terreno desde que começou a ofensiva.

Já os especialistas em geopolítica e informações norte-americanos da Stratfor indicam que as tropas iraquianas e curdas têm vindo a avançar sem muitas restrições ao longo de uma auto-estrada (Auto-estrada 2) que entra em Mossul pelo Leste, ligando a cidade a Erbil.

A empresa adianta que os combatentes do EI levantaram barreiras temporárias ao longo da auto-estrada 2 (essencialmente barreira de pneus, alguns postos a arder para reduzir a visibilidade e fustrar ataques aéreos), para tentar impedir a passagem de veículos.