Uma carta da ONU enviada este mês a responsáveis israelitas pede a Israel, entre outras condições, que permita aos trabalhadores humanitários um contacto direto com as forças militares israelitas que atuam na Faixa de Gaza, indicaram fontes da organização à agência noticiosa Associated Press (AP).
Os responsáveis da ONU indicaram ainda à AP que prosseguem as negociações com os israelitas, e que ainda não foi tomada uma decisão final sobre a suspensão das operações em toda a Faixa de Gaza.
Israel já reconheceu que efetuou bombardeamentos contra trabalhadores humanitários, incluindo o ataque em abril que matou sete trabalhadores do World Central Kitchen, mas tem negado outras ações que lhe são atribuídas.
Ao alegar preocupações com a segurança, o Programa Alimentar Mundial (PAM) já suspendeu a ajuda humanitária através de um porto improvisado montado pelos norte-americanos na costa de Gaza — com o anunciado objetivo de minimizar a fome generalizada enfrentada pelos palestinianos — mas que se tem revelado ineficaz.
Num relatório também hoje divulgado e após a conclusão da sua missão no terreno, um comité especial da ONU designado pela Assembleia geral das Nações Unidas em 1968 manifestou-se hoje “horrorizado perante as violações contra os palestinianos sob detenção israelita”, sobretudo com “comportamentos desumanizantes”, “cruéis e humilhantes para palestinianos, incluindo mulheres e crianças”.
“O pessoal de segurança partilha de forma pública e de forma insolente fotografias em plataformas de redes sociais que violam a privacidade e a esfera íntima das mulheres palestinianas, com o objetivo de escarnecer, envergonhá-las e humilhá-las”, indicou o comité encarregado de investigar as práticas de Israel nos territórios palestinianos ocupados.
Nesse sentido, registou um “assinalável aumento de perseguição sexual, abuso sexual, ameaça de violação ou violação consumada” contra homens, milhares e inclusive crianças, e ainda intimidação com cães treinados.
O comité também manifesta preocupação, entre outras questões, pela “destruição sistemática do sistema de saúde na Faixa de Gaza, que obrigou muitas mulheres e dar à luz em “condições terríveis”.
No relatório também é denunciada a situação dos palestinianos nas prisões israelitas, onde se incluem milhares de detidos em Gaza, denunciando um “plano sistemático de tratamento inumano como política estatal para privar os palestinianos da sua liberdade”.
“A persistente recusa de Israel em manter um diálogo credível com o Comité da ONU demonstra a sua falta de vontade para prestar contas pelas ações e políticas que aplica em território palestiniano ocupado”, sentenciou o comité, ao recordar que o seu próximo relatório será apresentado em outubro perante a Assembleia geral das Nações Unidas.
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