Um estudo sobre a segurança alimentar na RCA em setembro apresentou mesmo “os piores resultados desde 2014, com 1,9 milhões de pessoas a precisarem de uma ação alimentar urgente”, advertiu o porta-voz do PAM, Hervé Verhoosel.
“Para evitar uma tragédia humana” é precisa uma “atenção” e uma “ação”, acentuou.
“As condições nutricionais na RCA continuam a deteriorar-se, devido à insegurança persistente”, declarou Hervé Verhoosel.
No início de novembro, verificou-se uma nova onda de violência, com incidentes em Batangafo, no norte, Bambari, no centro, e Zémio, no sudeste, obrigando milhares de civis a fugir.
Dos 620 mil deslocados, 60% vivem em famílias de acolhimento, detalhou o PAM, sublinhando que “a deterioração contínua de uma situação já extremamente grave no terreno tem uma implicação direta sobre a segurança alimentar”.
Portugal participa na missão da ONU no país (MINUSCA), que é comandada pelo tenente-general senegalês Balla Keita, o qual já classificou as forças portuguesas como os seus ‘Ronaldos’.
“Ronaldo é o melhor jogador do mundo e quando as nossas tropas são classificadas de ‘Ronaldos’ isso tem uma leitura muito clara. Sentimos orgulho pela forma como o seu trabalho é reconhecido”, disse o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, à agência Lusa.
Portugal também integra e lidera a Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA), comandada pelo brigadeiro-general Hermínio Teodoro Maio.
A EUTM-RCA, que está empenhada na reconstrução das forças armadas do país, tem 45 militares portugueses, entre os 170 de 11 nacionalidades que a compõem.
A República Centro-Africana caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por vários grupos juntos na designada Séléka (que significa coligação na língua franca local), o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.
O conflito neste país, com o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados, e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.
O governo do Presidente, Faustin-Archange Touadéra, um antigo primeiro-ministro que venceu as presidenciais de 2016, controla cerca de um quinto do território.
O resto é dividido por mais de 15 milícias que, na sua maioria, procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.
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