O ex-banqueiro, que hoje prestou depoimento em mais uma sessão de instrução da Operação Marquês, no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), em Lisboa, admitiu que a operação de financiamento do aldeamento algarvio de Vale do Lobo “correu mal”, segundo fonte ligada ao processo.
Num depoimento que durou até às 17:00, Carlos Santos Ferreira foi confrontado com algumas questões que já lhe tinham sido feitas durante a fase de inquérito do processo e voltou a reiterar ser estranho que o antigo ministro e então administrador da CGD Armando Vara tivesse tomado sozinho o aumento daquele financiamento.
Fonte ligada ao processo disse que as questões se centraram no financiamento de Vale do Lobo e da operação da CGD na Portugal Telecom.
Segundo a mesma fonte, o depoimento do antigo banqueiro foi mais longe do que na fase de inquérito e juntou “mais alguns detalhes”, documentando-se em algumas questões e ajudando a perceber como era o normal funcionamento da CGD nestas operações.
José Sócrates está acusado de corrupção passiva de titular de cargo político, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal qualificada.
Entre outras imputações, o Ministério Público acredita que Sócrates recebeu cerca de 34 milhões de euros, entre 2006 e 2015, a troco de favorecimentos a interesses do ex-banqueiro Ricardo Salgado no Grupo Espírito Santos e na PT, bem como para garantir a concessão de financiamento da CGD ao empreendimento de luxo Vale do Lobo, no Algarve, e por favorecer negócios do Grupo Lena.
Entre os 28 arguidos estão ainda Carlos Santos Silva, Henrique Granadeiro, Zeinal Bava, Armando Vara, Bárbara Vara, Joaquim Barroca, Helder Bataglia, Rui Mão de Ferro e Gonçalo Ferreira, empresas do grupo Lena (Lena SGPS, LEC SGPS e LEC SA) e a sociedade Vale do Lobo Resort Turísticos de Luxo.
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