Ao sexto dia de Jogos Olímpicos é finalmente a vez de Portugal conseguir uma medalha. Quase sem falhas, a judoca Patrícia Sampaio conquistou hoje o bronze em -78 kg em Paris2024, ao bater a japonesa Rika Takayama duplo waza-ari, alcançando a 29.ª medalha olímpica do desporto português, a primeira na presente edição dos Jogos para Portugal e para a modalidade.
Emocionada, a judoca disse aos jornalistas no final da prova que: "só não foi o dia perfeito porque não conquistei o ouro. Fechei os olhos e só existia eu e alguém que eu tinha de vencer".
Sampaio começou por vencer, sem surpresa, a queniana Zeddy Cherotich, a seguir Malonga, momento que se traduziu num imenso silêncio na Arena Champ-de-Mars, e ainda no seu quadro a também favorita Zhenzhao Ma, da China.
Três combates decididos no decorrer do primeiro dos quatro minutos e todos por ippon, mas foi com Malonga que se começou a vislumbrar o que, se calhar, era mesmo o dia da judoca lusa, a competir nos seus segundos Jogos.
Sampaio tinha, ao segundo combate, acabado de deixar sem reação o público que encheu as bancadas e que momentos antes estava ‘enlouquecido’ no apoio a Madeleine Malonga, agitando bandeiras e gritando ‘Allez les Bleus’.
Foi o mote para a confiança aumentar diante da chinesa Zhenzhao, num ambiente com bandeiras portuguesas – Taís Pina e Catarina Costa nas bancadas, com Telma Monteiro sem se cansar de gritar, numa versão de treinadora de bancada. De mãos em concha, a medalha do Rio2016 e Catarina Costa iam dando indicações.
Com tudo alinhado para as meias-finais, depois de vencer a sua poule, e a garantia que lutaria sempre por uma medalha nestes Jogos, Patrícia Sampaio ainda pôde sonhar em ‘grande’, no permeio entre as eliminatórias e o bloco final.
As ‘meias’ colocavam no caminho a líder – e agora nova campeã olímpica – Alice Bellandi, judoca que é uma espécie de ‘bête noire’ [besta negra] para a tomarense, que passou a contar com oito derrotas frente à transalpina.
Parecia ser o dia perfeito para Sampaio contrariar a situação, mas Bellandi pontuou primeiro, chegou ao waza-ari, e com a inteligência que lhe é característica soube gerir o combate, sem que a judoca lusa conseguisse fazer as pegas e reverter.
Na luta pelo bronze, com a japonesa Rika Takayama, também mais bem cotada (nona do mundo e sétima favorita), Patrícia Sampaio ‘encarrilou’ no que era o seu dia e com um duplo waza-ari, a 02.48 e depois a 01.02 do final, garantiu o bronze.
Um feito histórico para a judoca, que, ato contínuo, ajoelhou-se no tatami, escondeu o rosto entre as mãos, segurou a cabeça, a digerir o que tinha acabado de acontecer: era a primeira medalha lusa em Paris2024 e a quarta na história do judo nacional.
Depois correu para o selecionador Marco Morais, que falou na honra de poder orientar a judoca, e envolveu num abraço o irmão Igor, também treinador, alargado depois à amiga Maria Siderot, a Taís Pina, a Catarina Costa ou a Telma Monteiro, todos na Champ-de-Mars.
Poucos minutos depois, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, assinalou e felicitou a medalha de bronze olímpica conquistada pela judoca portuguesa.
"O Presidente da República felicita a judoca Patrícia Sampaio, pela medalha de bronze esta tarde obtida nos Jogos Olímpicos de Paris. O desporto nacional e o judo em particular têm uma nova medalhada olímpica, que merece ser assinalada e felicitada", lê-se no site oficial da Presidência.
O bronze de Sampaio é o quarto do judo português em Jogos Olímpicos, após as medalhas de Nuno Delgado (Sydney2000, em -81 kg), Telma Monteiro (Rio2016, -57 kg) e Jorge Fonseca (Tóquio2020, -100 kg).
A possibilidade de ganhar medalhas não acaba aqui para os portugueses que carregam o peso das inspirações nacionais, a ser conhecidas neste artigo do SAPO24.
O dia de hoje ainda poderá trazer mais medalhas com a ginasta Filipa Martins a disputar na Bercy Arena totalmente preenchida, a final do all-around feminino da ginástica artística.
Depois de ter sido 37.ª no Rio2016 — a melhor classificação de sempre de uma portuguesa — e 43.ª em Tóquio2020, a ginasta natural do Porto, de 28 anos, assegurou uma das 24 vagas na final olímpica. Esta é a primeira vez que Portugal está numa final desta modalidade.
Também no dia de hoje o nadador português Diogo Ribeiro está qualificado para as meias-finais dos 50 metros livres, ao vencer em 21,91 segundos a sétima série, conseguindo o 13.º tempo das eliminatórias.
O português irá competir às 20h44 locais (19h44 em Lisboa), esta quinta-feira.
Com esta medalha, Portugal consegue finalmente um lugar na tabela dos países medalhados, passando a partilhar o estatuto do 45.º mais medalhado com a Áustria, o Egito, a Grécia, a Eslováquia e o Tajiquistão. No top dos mais medalhados está neste momento a China, seguida de França com o Japão em terceiro lugar.
*Com Lusa
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