De acordo com a última atualização divulgada pela companhia, a reposição de voos, cancelados em 20 e 21 de outubro, deverá iniciar-se hoje, com a partida do VR609 Lisboa/Sal pelas 22:00 locais, e ligação à Praia, e na madrugada de terça-feira o VR610, Praia/Lisboa.
Contudo, esta reprogramação de voos já tinha estado prevista para iniciar-se no domingo, segundo informação anterior da companhia estatal cabo-verdiana, mas sem se concretizar.
A avaria afeta um Airbus A320, alugado há cerca de um mês pela Cabo Verde Airlines (nome comercial da Transportes Aéreos de Cabo Verde – TACV) à Airhub Airlines.
A TACV, que não dispõe de frota própria e só retomou os voos em dezembro passado, depois de nacionalizada devido à pandemia de covid-19, chegou a acordo, em março, com a angolana TAAG para alugar um Boeing 737-700, com o qual já estava a voar para Portugal, mas que está em processo de pintura até final de outubro.
A companhia aérea Airhub Airlines, com sede em Malta, anunciou em 26 de setembro que fechou um contrato com a Cabo Verde Airlines para fretar um A320-200 à transportadora estatal cabo-verdiana.
Em comunicado, a Airhub Airlines referia tratar-se de um contrato em regime ACMI (na sigla em inglês para Avião, Tripulação, Manutenção e Seguro), em que a empresa disponibiliza todos os meios para a realização dos voos pela aeronave fretada, que neste caso tem a matrícula 9H-GTS e 12 anos de operação.
“A nossa parceria com a Cabo Verde Airlines cimenta a posição da Airhub Airlines como fornecedora de serviços ACMI em todo o mundo”, afirmou, citado na nota, Haris Coloman, administrador da companhia maltesa especializada no aluguer de aeronaves, voos charter e operações de transporte de carga.
Em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da TACV por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da Cabo Verde Airlines) e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).
Entretanto, na sequência da paralisação da companhia durante a pandemia de covid-19, o Estado cabo-verdiano assumiu em 06 de julho de 2021 a posição de 51% na TACV, alegando vários incumprimentos na gestão, detendo atualmente 90% do capital social.
O Estado cabo-verdiano vai injetar anualmente mil milhões de escudos (9,1 milhões de euros) na TACV, para garantir a estabilidade e recuperação da companhia aérea, antes de a reprivatizar em 2024, anunciou em 23 de setembro o ministro dos Transportes.
“Até 2024, é a nossa previsão para estabilizar a companhia, ter a companhia apetecível para poder ser privatizada”, anunciou o ministro Carlos Santos, confirmando que nas contas do Governo está prevista uma injeção global de 3.000 milhões de escudos (27,3 milhões de euros), em três anos, incluindo 2022.
A previsão do Governo é privatizar a TACV após três anos de apoio, sendo que parte da verba de 9,1 milhões de euros prevista para este ano, de acordo com o ministro, já foi utilizada, nomeadamente para pagar salários na companhia.
“Este é o objetivo que nós temos definido: 2024 [privatização]”, afirmou o ministro do Turismo e Transportes, em conferência de imprensa de balanço da reunião do Conselho de Ministros realizada no dia anterior, na qual foi aprovada a proposta de resolução que autoriza o acionista Estado a “colocar à disposição” da TACV “recursos financeiros para garantir a estabilidade da empresa”.
A opção de investir mais de 27 milhões de euros em três anos para manter e fazer crescer a companhia, sublinhou o ministro, já estava prevista em negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e está “alinhada com a política do turismo”, de “diversificação do setor e da oferta”, o que obriga a “induzir a diversificação na procura”.
A TACV retomou as operações, após a suspensão de todas a atividade em março de 2020 devido à pandemia, inicialmente com voos apenas entre Praia e Lisboa, desde o final de dezembro. Com apenas uma aeronave, os voos foram alargados já este ano das ilhas de São Vicente e do Sal para a capital portuguesa.
Na altura, Carlos Santos disse igualmente que estava em cima da mesa o aluguer de um segundo avião, para manter a aposta no crescimento internacional.
“Por tudo isto nós queremos repagar esta companhia, estabilizá-la, para quando houver águas calmas em Cabo Verde e no mundo inteiro conseguirmos ter a possibilidade de reprivatizar essa companhia e continuar ao serviço do país, construindo aquilo que é o conceito da plataforma com o seu epicentro na ilha do Sal”, disse ainda.
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