Na Assembleia da República, PSD e CDS-PP criticaram a "opção ideológica" da "esquerda radical", argumentando que o serviço público postal pode ser prestado também por entidades privadas, enquanto o PS questionou a forma jurídica e processual e também os custos para o erário público da opção da passagem imediata dos CTT para controlo público.
No debate parlamentar estavam em causa projetos de lei do PCP, pela recuperação do controlo público daquela empresa, do BE, para a nacionalização, e um projeto de resolução de "Os Verdes" visando a reversão da privatização.
"O que as populações, trabalhadores e empresas reclamam é que não se continue nessa atitude de deixar arder para um dia depois se discutir as cinzas", afirmou o comunista Bruno Dias, lamentando a eventual convergência de PS, PSD e CDS para chumbar o projeto de lei.
O deputado do PCP instou o Governo a "ter coragem política para enfrentar os grupos económicos que estão a destruir o serviço postal" e a proceder ao seu "desmantelamento".
O líder parlamentar bloquista, Pedro Filipe Soares, classificou a privatização dos CTT como "uma das decisões mais ruinosas tomadas pelo Governo PSD/CDS", acusando estes partidos de terem "as mãos manchadas", antes de lamentar a atitude de "logo se vê" do atual executivo socialista.
"Os autores deste negócio não foram ainda capazes de explicar o motivo de tal decisão [privatização]. A gestão privada está a destruir 500 anos de serviço postal em Portugal. A privatização dos CTT trouxe também o recurso a empresas de trabalho temporário, que esta a penalizar os trabalhadores da empresa", descreveu o ecologista José Luís Ferreira, criticando ainda a distribuição de dividendos superiores ao lucro.
O lucro dos CTT recuou 28% no ano passado, face a 2017, para 19,6 milhões de euros, "influenciado pelas indemnizações pagas por rescisão de contratos de trabalho por mútuo acordo", divulgou a empresa, da qual saíram mais de 400 trabalhadores no âmbito do programa operacional de transformação, em vigor desde novembro de 2017, 268 das quais este ano.
O socialista André Pinotes Batista esclareceu que "não existe qualquer convergência entre PS e PSD/CDS, que privatizaram empresa", concordando que existe "gestão criminosa" nos CTT, e perguntou a PCP e BE pela fórmula e quantias necessárias para executar os respetivos projetos de lei de renacionalização dos CTT.
"Até aceito que PCP, BE e PEV não gostem de privados. O que não posso aceitar é que o PS, que o inscreveu [a privatização dos CTT] no memorando [de entendimento com a ‘troika'], venha dizer que há uma gestão criminosa. Quer a empresa seja pública ou privada, adapta-se às leis da oferta e da procura. Também fecharam estações quando era pública. O importante é a qualidade do serviço", disse o democrata-cristão Hélder Amaral.
O social-democrata Paulo Rios afirmou que "a esquerda radical entende que serviço público tem de ser prestado por entidade pública" ou que só assim "há bom serviço publico", assumindo ir votar contra as propostas em discussão.
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