"Para o PCP, defender a floresta e o mundo rural, para lá da garantia do seu ordenamento e da aposta na valorização da produção nacional e diversidade económica, melhorando os rendimentos para os proprietários e defendendo a produção agrícola e florestal familiar, exige uma política alternativa que defenda o emprego, os serviços públicos e as estruturas desconcentradas do Estado", disse.
O parlamentar comunista referiu-se a deslocações recentes de deputados e dirigentes do PCP à região centro do país, um anos após os devastadores incêndios rurais que assolaram a região em 15 de outubro, numa zona que foi, no último fim-de-semana, atingida por outra calamidade: a passagem da tempestade Leslie.
"Um ano à espera de ver começar as obras em casas completamente destruídas é demasiado tempo. E é essa situação de dezenas de famílias que se preparam para passar o segundo Natal longe das suas casas. A ausência de resposta, a partir da administração central, para o apoio à reconstrução das segundas habitações significa desconhecer o que representam de dinâmicas que combatem o próprio processo de despovoamento. Continuamos a registar inúmeros casos de agricultores que não tiveram acesso aos apoios anunciados pelo Governo", lamentou.
João Dias manifestou a solidariedade do PCP às populações afetadas pela recente intempérie, "face à dimensão dos prejuízos, particularmente em explorações agrícolas, em edifícios e infraestruturas, mas também aos impactos sociais que eles colocam", condenando o facto de EDP e PT, "empresas entretanto privatizadas", terem revelado "enorme perda de capacidade operacional, justificada pelos problemas de recursos humanos", sendo necessário dar "prioridade absoluta" à "reposição do abastecimento de energia elétrica, essencial também para o abastecimento de água, bem como de todas as comunicações".
O social-democrata Maurício Marques afirmou que João Dias "comportou-se como verdadeiro deputado da oposição", mas "acontece que é responsável por um Governo que não está a responder aos problemas da floresta".
"Faz parte de um grupo parlamentar que impôs ao país uma reforma florestal contra o saber e o conhecimento, contra os proprietários e o setor florestal. Foi um verdadeiro ataque ao mundo rural", acusou, enquanto a democrata-cristã Patrícia Fonseca questionou o porquê do voto contra do PCP em propostas para o mundo rural por parte do CDS-PP.
O bloquista José Manuel Pureza afirmou que "este tempo é o tempo das alterações climáticas... há várias formas de as negar", mas "este tempo é, sobretudo, do socorro".
"É necessário responder às necessidades de quem ficou privado do essencial. Este povo da região centro do país já sofreu de mais. São necessárias respostas imediatas", frisou, enquanto o socialista João Castro garantiu que "o Estado está a indemnizar as vítimas e famílias, a organizar um novo quadro legislativo, a mobilizar Governo, autarquias e proprietários para fazer o que ainda não foi feito" e "importa passar à fase seguinte de reorganizar estruturas e aprender com os erros".
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