Em declarações aos jornalistas em Lisboa, no âmbito de uma iniciativa da CDU, Paulo Raimundo foi questionado se espera recato do primeiro-ministro, tal como o próprio tinha prometido, uma vez que o Presidente da República decretou hoje a dissolução do parlamento.
Na resposta, Paulo Raimundo considerou que há “uma experiência acumulada” que mostra que “as promessas geralmente costumam falhar”, mas observou que essa “não é a questão fundamental”.
“O senhor primeiro-ministro está em funções e não deixa de ter as responsabilidades de estar em funções. Mas essas funções e essas responsabilidades não são apenas para cortar fitas, têm de ser para responder aos problemas das pessoas que estão aí todos os dias para responder”, sustentou.
Para Paulo Raimundo, “não vale a pena” o executivo estar “a camuflar-se na ideia de um Governo em gestão”.
“Um Governo em gestão pode dar resposta às necessidades e emergências, e são muitas, e são muito mais do que o corta fitas”, defendeu.
Questionado se concorda com o facto de o Presidente da República só ter dissolvido o parlamento hoje, o líder comunista referiu que o PCP considerava que, tendo Marcelo Rebelo de Sousa optado por convocar eleições antecipadas, o calendário permitia que tivessem ocorrido antes de 10 de março.
“Para serem mais cedo, era preciso que a dissolução da Assembleia da República tivesse sido também mais cedo. Mas é o calendário que temos e é nele que estamos a trabalhar”, disse.
Já sobre as perspetivas da CDU para as eleições legislativas, Paulo Raimundo salientou que o objetivo “é reforçar, ter mais votos e mais deputados” e afirmou estar “muito confiante com essa dinâmica”, não apenas para as legislativas, mas também para as eleições regionais nos Açores, em 04 de fevereiro.
“Não tenho nenhuma dúvida de que a CDU vai crescer, vai ter mais votos, mais percentagem e mais deputados que fazem tanta falta”, disse.
O Presidente da República decretou hoje a dissolução do parlamento e a convocação de eleições legislativas antecipadas para 10 de março, oficializando o anúncio feito ao país em 09 de novembro.
Segundo o decreto assinado hoje por Marcelo Rebelo de Sousa e já publicado em Diário da República Eletrónico, que produz efeitos no dia da sua promulgação, “é dissolvida a Assembleia da República” e “é fixado o dia 10 de março de 2024 para a eleição dos deputados à Assembleia da República”.
Esta é a nona dissolução da Assembleia da República desde o 25 de Abril de 1974 e acontece na sequência da demissão do primeiro-ministro, António Costa, apresentada em 07 de novembro, por causa da Operação Influencer, e de imediato aceite pelo Presidente da República.
A 2 de janeiro, o primeiro-ministro, António Costa, tinha defendido que um Governo em gestão não significava um país parado e tinha apontado que o seu executivo só ficava obrigado a recato a partir do momento em que o parlamento era dissolvido.
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