No final de uma visita à Residência de Pré-Autonomia Santa Isabel, uma casa de acolhimento a crianças e jovens em risco da Casa Pia, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que a assinatura da adenda ao acordo de concertação social demonstrou que “o acordo estava vivo, está vivo e estará vivo”.
“É uma grande força, uma grande vitória da democracia portuguesa”, afirmou, dizendo ter considerado “exemplar” que os mesmos parceiros que assinaram um acordo tenham agora assinado a adenda.
O Governo, as confederações patronais e a UGT assinaram hoje uma adenda ao acordo de dezembro, que vai substituir a descida da Taxa Social Única (TSU) pela redução do Pagamento Especial por Conta (PEC), depois de a primeira solução ter sido revogada pelo parlamento.
Questionado como via os sinais de crispação entre a UGT e CGTP, o chefe de Estado disse que apenas deu conta destes na comunicação social.
“Não vi nenhuma crispação, ao longo da última semana recebi as duas centrais sindicais - e até recebi outros sindicatos que não estão nas duas confederações - e não encontrei crispação, nem muito menos crispação entre elas”, salientou, dizendo que “em democracia é normal que as pessoas falem a vários tons”.
Para o chefe de Estado, a adenda hoje assinada teve uma “dupla vantagem”.
“Correspondeu a um triunfo da concertação social mas ao mesmo tempo teve um contributo da democracia parlamentar”, frisou.
Com o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, José Vieira da Silva, ao seu lado, o Presidente da República sublinhou também o papel do Governo neste processo.
“Há que reconhecer que o Governo e o senhor ministro tiveram um papel muito importante para se chegar ao acordo e para se chegar à adenda”, disse.
Também Vieira Silva preferiu não se pronunciar sobre eventuais tensões entre CGTP e UGT, salientando “a reunião muito tranquila” que teve hoje com os parceiros sociais e na qual até já se desenharam as prioridades para o primeiro semestre de 2017.
“Encontrámos um consenso relativamente fácil em torno de questões como as portarias de extensão de contratação coletiva, como a questão da formação profissional, o modelo contributivo dos trabalhadores independentes”, explicou, considerando que tal prova que a concertação “está viva, está dinâmica e vai apresentar resultados”.
No final de um dia em que já tinha almoçado com um casal de ex-sem-abrigo e oferecido um concerto a presidentes de Câmara de todo o país, o chefe de Estado chegou com cerca de 45 minutos de atraso à Residência de Santa Isabel e justificou-se ao ministro Vieira da Silva com os muitos autarcas que o quiserem cumprimentar no anterior ponto da agenda.
Um dos jovens que vive na casa de acolhimento da Casa Pia na Ajuda, Bruno, recebeu Marcelo Rebelo de Sousa e fez-lhe uma visita guiada pela residência, onde vivem 15 jovens (dez rapazes e cinco raparigas) a partir dos 16 anos com o objetivo de ganhar competências até que entrem no mercado de trabalho ou prossigam a sua vida escolar.
O chefe de Estado, que ficou para jantar, tal como o ministro do Trabalho, fez questão de cumprimentar a cozinheira e todo o pessoal responsável. Visitou os quartos dos residentes e assistiu a um pequeno teatro onde os jovens recriaram um cenário futuro, em 2047, em que cada um deles já tinha uma profissão, graças às competências adquiridas na residência.
O jovem guia, Bruno, foi também uma das ‘estrelas’ da peça e deu corpo, num cenário futurista daqui a 30 anos, a um ‘chef’ premiado pelo guia Michelin com o restaurante “Casa da Mami”.
No final, os atores foram aplaudidos de pé pelo Presidente, que agradeceu aos jovens por vibrarem com o papel que esperam ter na vida.
“Provavelmente estarei muito velhinho em 2047, mas quero ser convidado para um jantar nesse restaurante. Eu e o senhor ministro”, gracejou.
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