Estas posições foram assumidas pelo ex-ministro do Planeamento e das Infraestruturas em entrevista à agência Lusa, depois de confrontado com críticas (algumas delas até provenientes do PS) sobre uma excessiva governamentalização da candidatura socialista ao Parlamento Europeu.
“António Costa é hoje considerado – acho que posso dizer assim – a maior referência do Partido Socialista Europeu (PSE), porque conseguiu implementar em Portugal políticas de criação de emprego, de redução da pobreza e sempre com as contas certas. Isto deve ser um programa político de um partido europeísta. Com base nisso, pediremos a confiança dos eleitores europeus nas próximas eleições”, assume.
Interrogado sobre os riscos de ser encarado como um porta-voz do Governo ao longo da campanha para as eleições europeias, Pedro Marques afirma que se sente confortável em ser defensor de um programa que tem resultados para apresentar em Portugal e que “foi largamente sufragado” pelos seus colegas do PSE no recente congresso realizado em Madrid.
“É a ideia de que aquilo que fizemos em Portugal – governar para as pessoas, mais emprego e com contas certas – é um modelo que resultou no nosso país e que queremos agora fazer na Europa. Nesse sentido, não tenho qualquer desconforto em defender o que fizemos em Portugal, mas, também, em dizer claramente aos europeus e aos portugueses que temos muito mais caminho para percorrer, afastando populismos e extremismos”, advoga.
Na sua resposta à questão sobre a ideia de haver agora um PS muito governamentalizado, Pedro Marques começa por contrapor que a lista que encabeça é um exemplo de renovação.
“Continuam [apenas] dois dos deputados da legislatura anterior [Pedro Silva Pereira e Carlos Zorrinho] para a nova lista. Naturalmente, o facto de estarem dois antigos membros do Governo, que saíram do executivo recentemente para integrar a lista, pode induzir essa ideia de que há uma proximidade importante”, admite – aqui, numa referência ao seu próprio caso e ao da ex-ministra da Presidência Maria Manuel Leitão Marques.
No entanto, segundo Pedro Marques, “o projeto político é o de fazer bem na Europa aquilo que se está a fazer bem em Portugal”.
“Portanto, não temos qualquer problema de escrutinar as políticas que permitiram criar 350 mil empregos em Portugal, que permitiram reduzir a pobreza ou ter os défices mais baixos da nossa democracia, ao mesmo tempo em que se reduziu a dívida pública. Não temos qualquer problema com isso”, insistiu.
O ex-ministro do Planeamento e das Infraestruturas vai mesmo mais longe no sentido de defender os benefícios de uma associação do PS aos resultados do executivo de António Costa.
“Temos toda a tranquilidade e até estamos completamente positivos a explicar aos portugueses de que queremos fazer na Europa aquilo que estamos a fazer em Portugal. E queremos defender este modelo que estamos a implementar em Portugal da mesma direita europeia das sanções e dos cortes”, acentuou.
Questionado se a colagem ao Governo não levará o PS a nova derrota nas eleições europeias, tal como aconteceu em 2009, Pedro Marques rejeita esse cenário.
“O PS apresenta-se muito confiante a estas eleições, tendo a vontade e a ambição de as ganhar de forma clara e na justa medida que temos bons resultados para apresentar aos portugueses. Considero também normal que, havendo duas eleições praticamente consecutivas, haja um ambiente de escrutínio nacional mesmo nas eleições europeias”, observa.
Nestas circunstâncias de mistura entre as questões nacionais e europeias ao longo da campanha eleitoral, o “número um” socialista diz-se sentir-se “muito à-vontade para apresentar a proposta política do PS”.
Uma proposta em relação à qual “a direita dizia que nunca se conseguiria repor os rendimentos e aumentar os apoios sociais, pondo ao mesmo tempo as contas em ordem”.
“De facto, conseguimos fazer o que prometemos. É isso que queremos fazer na Europa e, por isso, estou muito à-vontade para apresentar esse programa em Portugal”, acrescentou.
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