“Nós não nos podemos comportar nem lidar com a governação como se nós tivéssemos maioria absoluta, quando nós não temos. Nós devemos procurá-la ativamente com outros partidos que têm visões semelhantes com as nossas. Esse esforço deve ser feito com o BE e com o PCP”, defendeu Pedro Nuno Santos numa iniciativa digital promovida pela Juventude Socialista (JS).

O também ministro das Infraestruturas e Habitação insistiu na aproximação do PS aos seus antigos parceiros da "Geringonça", considerando que, apesar de existirem dentro do partido hesitações que não deveriam ter lugar, é à esquerda que os socialistas conseguem partilhar “uma ideia de liberdade, de igualdade e de fraternidade que depende de um Estado organizado e forte”.

“Se nós quisermos combater a direita de forma perene, nós temos de ser capazes de colaborar à esquerda, compreender, aceitar as diferenças e procurar encurtar caminho”, argumentou.

Na perspetiva do socialista que esteve à frente dos Assuntos Parlamentares durante grande parte do período da "Geringonça", “uma democracia avançada precisa de dois blocos distintos”, que passam a existir se não houver enganos em relação a quem se deve o PS aliar.

“Em 2015, nós fizemos uma grande revolução na forma como nós interviemos politicamente em Portugal, quando felizmente e finalmente conseguimos superar bloqueios que vinham desde o início da nossa democracia e começámos a trabalhar do ponto de vista nacional – do ponto de vista local já tínhamos conseguido antes – com o PCP e com o BE”, lembrou.

Para Pedro Nuno Santos, o acordo com o PCP e o BE “foi uma vitória muito importante para o país, para a esquerda e para o povo português”.

Neste sentido, reiterou uma ideia que já tinha defendido anteriormente de que esta solução governativa “não pode ser um parêntesis na história” de Portugal.

“Cooperar com a esquerda para, aí sim, competir com a direita”, sintetizou.

O dirigente socialista deixou avisos à liderança do seu partido quando apelou à necessidade de o PS “aprender a lidar” com os partidos à sua esquerda.

“Saber respeitar quando eles não concordam connosco, quando nos combatem. Não é com agressividade que nós vamos conseguir recuperar a colaboração com os outros partidos. É compreendendo-os, é percebendo o que os leva a afastar”, defendeu.

Todas estas escolhas têm de ser feitas sem esquecer a história do PS, continuou Pedro Nuno Santos, lamentando quem no seio do partido haja quem “esteja preso a 1975” já que “a política mudou, o país mudou, os partidos mudaram”.

“O PCP - hoje também o BE - são elementos fundamentais na construção dessa sociedade mais justa, mais solidária”, afirmou.

Mas o socialista tinha ainda outros avisos para vozes dentro do PS, aquelas que usam algumas figuras históricas, como a de Mário Soares, “para defender as suas posições”.

Para fazer essa evocação da “maior figura do PS”, segundo Pedro Nuno Santos, é preciso lembrar toda o seu percurso, ao longo do qual considera que o histórico socialista “teve sempre razão”, como quando “promoveu os encontros que pressupunham estimular a esquerda a dialogar, a juntar forças”.

“É este o grande ensinamento de Mário Soares: sabermos ler em cada momento os desafios que nós temos e conseguir estar à altura deles”, desafiou.

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