O presidente da APG, César Nogueira, disse à agência Lusa que no dia 17 de junho, quando deflagrou o incêndio em Pedrógão Grande, o sistema de comunicações SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal) teve “falhas contínuas” e os militares também “não conseguiram utilizar o telemóvel pessoal” devido à falha de rede, impossibilitando-os de estabelecer qualquer contacto com o posto da GNR.
César Nogueira adiantou que o corte da estrada tinha que ser feito após ordens de quem estava a comandar as operações, que neste caso era a Autoridade Nacional de Proteção Civil.
“Tem que haver procedimentos e não houve essa ordem [corte da estrada]”, disse, sublinhando que “houve um grande período de tempo sem rede”.
Sobre o SIRESP, César Nogueira realçou também que “é recorrente” esta rede falhar em vários pontos do país e, como alternativa, os militares da GNR utilizam o telemóvel pessoal.
“O SIRESP tem falhas contínuas. Em muitos locais do país não se apanha qualquer sinal”, disse.
O presidente da APG afirmou também que, na tarde de 17 de junho, estavam ao serviço do posto de Pedrógão Grande dois homens num carro em patrulha e outro militar no posto, efetivo idêntico nos outros dois concelhos afetados (Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera).
“Numa primeira fase, estavam os dois homens a patrulhar as ocorrências”, sustentou, avançando que só depois foram reforçados os meios da Guarda Nacional Republicana, inclusive com aqueles que estavam de folga.
César Nogueira disse igualmente que esta situação de falta de meios é “o normal em todo o país”, uma vez que metade do efetivo está em funções administrativas.
O presidente da APG adiantou ainda que alguns dos militares envolvidos ficaram afetados pelos acontecimentos trágicos e estão de baixa psicológica, tendo recebido ajuda especializada dos técnicos no terreno.
César Nogueira disse ainda que resolveu agora denunciar a situações, porque os militares da GNR “sentem-se injustiçados” e “bodes expiatórios” como se fossem responsáveis pela morte das 47 pessoas.
A agência Lusa contactou o Comando-Geral da GNR, que se escusou a prestar declarações.
Os incêndios que deflagraram na região centro, há uma semana, provocaram 64 mortos e mais de 200 feridos, e só foram dados como extintos no sábado.
Mais de dois mil operacionais estiveram envolvidos no combate às chamas, que consumiram 53 mil hectares de floresta, o equivalente a cerca de 75 mil campos de futebol.
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