Enquadrada por uma extensa força policial, a operação para evacuar o campo e abrigar os exilados em vários centros de acolhimento e ginásios na região de Paris começou ao início da manhã, com os migrantes a encaminhar-se silenciosamente para os autocarros.
Segundo o responsável pela associação France Terre Asile, operadora do Estado, cerca de 2.400 exilados viviam neste campo, que desde agosto cresceu ao longo de um entroncamento rodoviário, perto do maior estádio do país. Os incêndios de paletes de madeira eram visíveis a partir do cordão de segurança colocado pela polícia.
“Estes campos não são aceitáveis”, disse o prefeito da polícia de Paris, Didier Lallement, aos repórteres: “Esta operação visa garantir que as pessoas em situação regular sejam acolhidas e as que se encontram em situação irregular não permaneçam no território”, explicou.
Numa mensagem partilhada na rede social twitter, o ministro do Interior, Gérald Darmanin, saudou a operação.
“É realmente o pior acampamento que vimos em vários anos”, explica Alix Geoffroy, funcionário do CEDRE-Secours Catholique, um centro de ajuda aos requerentes de asilo, questionando se o próximo não será “ainda mais longe de Paris, longe nos subúrbios, e mais difícil”.
Perto do canal de Saint-Denis, muitas pessoas aguardavam para serem recolhidas por um autocarro, observou a AFP. Todos serão inicialmente testados ao novo coronavírus em centros de triagem instalados no local, antes de serem isolados, em caso de resultado positivo, ou encaminhados para um abrigo.
Ao todo, 70 autocarros foram disponibilizados para transportar os migrantes, enquanto 26 centros de acolhimento foram montados pelas autoridades.
O acampamento, onde várias centenas de tendas foram montadas, é composto principalmente de homens solteiros, principalmente do Afeganistão, mas também do Sudão, Etiópia e Somália. Muitos, na sua maioria requerentes de asilo, já passaram por outros campos nos arredores de Paris, sucessivamente desmantelados, mas que acabam por voltar a surgir, um pouco mais longe, nos subúrbios do norte.
Cerca de trinta associações e coletivos (Cimade, Secours catholique, Solidarité Migrants Wilson) denunciam “um ciclo sem fim e destrutivo” para estes migrantes.
“Há cinco anos que as evacuações se repetem, apesar das disfunções do sistema de acolhimento que as acompanha (…). Hoje, as autoridades continuam a organizar estas operações enquanto as 65 anteriores provaram ser ineficazes. O seu único efeito foi dispersar as pessoas “, escreveram as associações num comunicado conjunto.
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