Dias depois de a disputa entre Kiev e Varsóvia – onde há eleições daqui a três semanas – se ter agravado ao ponto de o Governo polaco ter colocado sobre a mesa a possibilidade de não doar mais armas ao país vizinho em guerra, as declarações de Duda apontam para uma tentativa de atenuar a tensão.
“Acho correto que o Governo polaco tenha mantido o veto à venda de cereais ucranianos no mercado polaco. No entanto, estou convencido de que tudo deve ser feito para garantir o maior trânsito possível”, disse Duda ao canal público TVP1.
“Infelizmente, durante a guerra, este cereal mal tem chegado aos países que realmente precisavam dele, ao mesmo tempo que tem inundado mercados como o polaco”, observou.
O Presidente polaco afirmou, no entanto, que é “completamente falso” que as importações tenham parado por completo e referiu que o trânsito pela Polónia continua a acontecer através de corredores especiais criados para o efeito.
Duda afirmou que a difícil situação obrigou o Governo de Varsóvia a tomar medidas “radicais” para apoiar os seus agricultores, na ausência de apoio de Bruxelas, estendendo unilateralmente o seu veto à importação de produtos ucranianos depois de expiradas as restrições que lhes foram impostas a nível comunitário.
O Presidente polaco evitou, no entanto, novas críticas à Ucrânia, depois de, numa escalada verbal na quarta-feira passada, ter descrito o Governo de Kiev como um “homem que se afoga e se agarra a tudo o que pode” e de quem é legítimo “proteger-se”.
Estas declarações surgiram depois de a Ucrânia ter apresentado uma queixa contra a Polónia na Organização Mundial do Comércio (OMC) e ter ameaçado proibir as importações de produtos agrícolas polacos.
Uma reunião com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que deveria ter acontecido na semana passada, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, foi cancelada, oficialmente por falta de tempo.
No sábado, na sua viagem de regresso à Ucrânia, Zelensky fez, no entanto, uma visita surpresa à cidade de Lublin, no leste da Polónia, onde se encontrou com membros da sociedade civil e agradeceu a “toda a Polónia” pelo seu “apoio inestimável”.
Após o levantamento das restrições comunitárias impostas a pedido dos países vizinhos da Ucrânia, Kiev chegou a um acordo de princípio com a Roménia e a Eslováquia, mas a Polónia e a Hungria ainda os mantêm.
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