Desde segunda-feira, o SAPO24 tem estado a acompanhar ao minuto a evolução dos incêndios em Portugal continental. Veja aqui os principais pontos neste momento.

O que ardeu?

No total, a área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 62 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas regiões norte e centro, atingidas pelos incêndios desde o fim de semana, já arderam 47.376 hectares.

Segundo o último balanço da Proteção Civil, há 25 municípios afetados pelos fogos, 10 na região centro e 15 na região norte: Albergaria-a-Velha, Arganil, Baião, Cabeceiras de Basto, Castro Daire, Celorico de Basto, Chaves, Cinfães, Gondomar, Guimarães, Lamego, Marco de Canavezes, Nelas, Oliveira de Azeméis, Paredes, Penalva do Castelo, Póvoa do Lanhoso, Resende, Santa Maria da Feira, Santo Tirso, Sever do Vouga, Tábua, Vila Nova de Paiva, Vila Pouca de Aguiar e Viseu.

A área ardida em Portugal continental este ano totaliza já, segundo o sistema Copernicus, 83.476 hectares consumidos por 147 incêndios significativos (com área ardida acima dos 30 hectares) contabilizados pelo sistema europeu de observação da Terra.

O dia de hoje foi melhor ou pior do que ontem? 

Um total de 277 incêndios rurais deflagraram na segunda-feira em Portugal, o dia com mais fogos este ano.

Contudo, esta terça-feira também foi intensa no que diz respeito ao número de incêndios e ao combate. "O dia de hoje foi um dia bastante difícil, com um combate muito duro, em que a prioridade foi a salvaguarda da vida das pessoas e dos seus bens e depois, à medida que foi sendo possível, foram-se consolidando trabalhos nalguns dos incêndios que estão ativos", referiu o comandante nacional da Proteção Civil.

E a noite pode não trazer tréguas. "A noite vai ser também um período complicado. É expectável que o vento continue forte do quadrante leste. Apelava a todos que se mantivessem com a calma e a tranquilidade necessárias para passar esta noite que vai ser complicada, que mais uma vez acatem as indicações das autoridades", disse André Fernandes.

Quantos meios no terreno?

Há neste momento 64 incêndios em cursos, dos quais 30 são considerados ocorrências significativas, que envolvem 3.888 operacionais, apoiados por 1.208 meios terrestres.

No total, abrangendo ocorrências em resolução e não significativas, estão no terreno 6.041 operacionais e 1.837 meios terrestres.

No dia em que se juntaram ao combate aéreo os aviões pesados 'Canadair' vindos de França e Itália, foram realizadas 177 missões aéreas, das quais 81 em ataque inicial e 96 em ataque ampliado, com uma taxa de sucesso de 91%.

Quantos mortos e feridos?

Pelo menos sete pessoas morreram e 40 ficaram feridas, duas com gravidade, nos incêndios que atingem desde domingo a região norte e centro do país.

As mais recentes vítimas são três bombeiros que morreram  quando "estavam em trabalho e foram afetados pela linha de fogo", em Tábua, distrito de Coimbra.

E pessoas retiradas de casa?

Os fogos já obrigaram a realojar 62 pessoas, em Águeda foram evacuados dois lares de idosos, em Oliveira de Azeméis um hotel foi evacuado e as reservas canceladas até quinta-feira.

Em Oliveira do Hospital, foram evacuadas oito quintas situadas na encosta do rio Mondego devido ao aproximar das chamas do incêndio que teve início em Nelas, no distrito de Viseu, e que alastrou para o distrito de Coimbra.

Contudo, a Proteção Civil não tem ainda o balanço de casas afetadas pelos incêndios.

Quais as estradas cortadas? 

De acordo com a última atualização feita pela GNR, às 22:00 registava-se no distrito de Aveiro o corte total da Autoestrada 25 (A25) entre Albergaria e Reigoso (Viseu), a Estrada Nacional 16 (EN16) entre Cacia e Sever do Vouga e a EN333 entre Talhadas e Águeda.

No distrito de Viseu os cortes incidiam na A25 entre Mangualde e Chãs de Tavares; na A24 entre o nó de Castro Daire Leste e o nó da EN16; na EN228 em Figueira Alva – Fermentel e na EN222 entre Oliveira do Douro e Freigil (Cinfães).

No distrito do Porto, a A43 estava cortada entre Gondomar e a A41 entre Medas e Aguiar de Sousa.

Em Baião registava-se o corte da A11, no sentido Norte /Sul do Marco de Canaveses até à A42; EN221 entre Eiriz e Campelo e EN101 entre Cavalinho e Mesão Frio.

No distrito de Vila Real, o incêndio de Vila Pouca de Aguiar determinou o corte da A24 entre o Nó Fortunho e Nó Vidago; da EN2 entre Carriça e Samardã e da EN103 entre Faiões e Assureiras.

Em Braga foi fechada ao trânsito a EN207-4 entre Gonça e Garfe e a EN210 entre Celorico de Basto e Amarante.

Finalmente, no distrito de Coimbra, foi cortada a EN342, entre Secarias/Côja, no concelho de Arganil.

Durante o dia de hoje chegaram também a estar fechadas as autoestradas A1 e A28, ambas reabertas ao início da noite.

Pode consultar aqui toda a informação relativa às estradas.

Por sua vez, segundo a ANEPC, a ferrovia não tem qualquer corte, fazendo-se a circulação com normalidade.

As autoridades já detiveram pessoas relacionadas com incêndios? 

A Polícia Judiciária (PJ) deteve cinco pessoas - três homens e duas mulheres - suspeitos da autoria de incêndios florestais em Cacia (Aveiro); em Refojos de Riba de Ave (Santo Tirso); nos concelhos de Pombal e Alvaiázere (no distrito de Leiria) e em Condeixa-a-Nova (Coimbra).

A PJ também identificou e constituiu arguidos quatro funcionários da Junta de Freguesia da União de Freguesias de Campo e Sobrado, no concelho de Valongo, pela presumível autoria de um incêndio florestal na localidade de Campo, que consumiu cerca de um hectare de mancha florestal.

Em comunicado, a GNR informou ter detido sete homens, entre sábado e a madrugada de hoje, suspeitos do crime de incêndio florestal nas regiões de Leiria, Castelo Branco, Porto e Braga.

O país está em alerta? 

Na segunda-feira, o Governo tinha alargado até ao final de quinta-feira a situação de alerta devido ao risco de incêndios, face às previsões meteorológicas.

Hoje, após o Conselho de Ministros, o governo declarou a situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias.

O primeiro-ministro explicou que a declaração da situação de calamidade vai permitir que a equipa multidisciplinar do governo – coordenada pelo ministro Adjunto e da Coesão Territorial Manuel Castro Almeida — possa "oferecer o apoio mais imediato e urgente àqueles que não têm em casa um abrigo, um alojamento para os próximos dias, àqueles que ficaram sem meios de subsistência para se alimentarem, para se vestirem, para terem acesso às mais elementares necessidades do dia a dia".

O que fazer em caso de emergência durante a noite?

  • Caso aviste um incêndio ainda não identificado, deve ligar para o 112;
  • Se estiver numa zona próxima dos incêndios ativos, deve informar-se sobre os caminhos de evacuação e os locais de abrigo ou refúgio coletivo da zona onde habita, para conseguir ter uma ação mais rápida em caso de proximidade do fogo;
  • Um incêndio rural envolve risco para as pessoas, pelo que deve obedecer às indicações dadas pelas autoridades e tentar prejudicar a ação dos bombeiros;
  • Se não correr perigo e tiver vestuário adequado (roupa de manga comprida, botas e luvas), tente extinguir o incêndios com pás, enxadas ou ramos;
  • Se o incêndio estiver perto da sua casa, avise os vizinhos, corte o gás e molhe as paredes, as telhas e os arbustos próximos;
  • Se o fogo se aproximar, afaste o que possa arder junto às janelas e coloque toalhas molhadas nas frestas;
  • Em caso de evacuação iminente, deverá manter os documentos mais importantes do agregado familiar, bem como o boletim sanitário dos animais de estimação, em local seguro e de fácil acesso para serem transportados;
  • Deve ter também um kit preparado com alguns bens essenciais: medicamentos, água, estojo de primeiros socorros, comida não perecível, dinheiro, muda de roupa, lanterna, apito e telemóvel com bateria.

Quais as medidas em caso de exposição ao fumo dos incêndios? 

A Direção-Geral da Saúde (DGS) fez hoje recomendações sobre o que fazer em situação de inalação de fumos dos incêndios.

Com o alerta de risco de incêndio a vigorar, a Direção-Geral da Saúde avisa que “a inalação de fumos ou de substâncias irritantes químicas, e o calor podem provocar danos nas vias respiratórias”.

  • Evitar a exposição ao fumo “é a forma mais efetiva de prevenir danos”;
  • Perante a situação de inalação de fumos, a DGS recomenda retirar a pessoa do local e evitar que respire o fumo ou esteja exposta ao calor;
  • Verificar se a pessoa apresenta “sinais de alarme”, queimaduras faciais, sinais de dificuldade respiratória e alteração do estado de consciência;
  • Em caso de necessidade ou para mais informações, ligar para o SNS24 (808 24 24 24) e em situação de emergência para o 112;
  • Ingerir leite em caso de intoxicação por fumo é um mito. “Não vem descrito em artigos científicos a sua utilidade. O leite não é um antídoto do monóxido de carbono”, realça ainda a DGS.