“Relativamente ao gás natural, há três ou quatro dias atrás tínhamos reservas na ordem dos 79%, chegaram, entretanto, três navios, não tenho o número do último navio, mas antes deste temos 85% das reservas de gás natural”, afirmou o ministro do Ambiente e da Ação Climática, na Comissão Permanente da Assembleia da República, onde participou num debate sobre a seca que Portugal enfrente, juntamente com a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes.
O governante respondia a questões do deputado João Cotrim de Figueiredo, do Iniciativa Liberal (IL), sobre as reservas estratégicas nacionais de combustíveis e gás natural, tendo em conta o esperado aumento de preços devido à invasão da Ucrânia e consequentes sanções à Rússia.
“Portugal tem, de facto, reservas de combustíveis para 90 dias: gasolina, gasóleo e crude. Eles estão parqueados quase na totalidade em Portugal. No momento em que houver necessidade de utilizar, a logística está desenhada”, destacou Matos Fernandes.
Ambientalistas europeus pedem corte com petróleo e gás russos
Mais de duas dezenas de organizações ambientalistas europeias pediram hoje à União que pare de importar petróleo da Rússia e "acabe com o financiamento à guerra de Putin contra a Ucrânia".
As 25 organizações não governamentais, entre as quais se inclui a portuguesa Zero, defendem ainda que as bombas de combustível devem identificar a origem de todos os produtos petrolíferos" para que os consumidores não "financiem inadvertidamente o regime" do Presidente russo, Vladimir Putin.
Pedem ainda que seja cobrada uma "tarifa ou taxa" sobre todos os combustíveis fósseis provenientes da Rússia e, como medida principal, "um embargo completo" a estes produtos.
Os ambientalistas afirmam no manifesto enviado às instituições europeias que tem sido o lucro da exportação de petróleo e gás que tem "sustentado os gastos militares de Putin em mais de duas décadas".
O petróleo e o gás russos não estão cobertos pelas sanções económicas impostas pela União Europeia, lembram os ambientalistas, apontando que "todos os dias, países da União Europeia continuam a transferir centenas de milhões de euros para pagar petróleo e gás ao regime de Putin", um comércio que movimentou entre 80 e 85 mil milhões de euros só em 2022, afirmam.
Dois terços do petróleo importado da Rússia servem para transportes, e embora reconheçam que parar o tráfego terá "impactos no preço da energia", o ataque russo à Ucrânia "exige uma resposta extraordinária", dizem as organizações.
Os países membros da Agência Internacional da Energia devem usar as reservas de petróleo que têm, suficientes para 90 dias de consumo, e cedê-las aos países mais dependentes da Rússia, defendem ainda.
Os ambientalistas insistem em vários pontos da sua agenda habitual e pedem "um novo objetivo de 50 por cento de carros elétricos em 2025" na União Europeia daqui a três anos, sobretudo nos setores dos táxis, frotas automóveis e autocarros.
Querem ainda "medidas para acelerar radical e imediatamente" o investimento na produção de energia solar e eólica e mais medidas de eficiência energética, incluindo a renovação de edifícios para os tornar mais eficientes e combater a pobreza energética.
A Rússia é responsável por mais de 40% das importações anuais de gás natural da UE.
A invasão russa da Ucrânia tem vindo a causar um acentuado aumento no preço do gás na UE e nos preços globais do petróleo, subida essa que surge no contexto de um pico já existente nos preços energéticos, dada a crise no setor.
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