“A situação criada pela guerra entre dois povos irmãos minou as conquistas em todo o mundo, inclusive em cereais e fertilizantes”, disse Sissoco Embaló, que é também presidente da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

Sissoco Embaló está confiante que será encontrado “um caminho” para o diálogo entre Kiev e Moscovo, que lançou uma campanha militar no país vizinho em fevereiro.

O Presidente da Guiné-Bissau, segundo a agência de notícias espanhola Efe, pediu ao seu homólogo russo que lhe dissesse o que pode fazer para “resolver o conflito”.

“Vim aqui como um irmão e um amigo”, disse o chefe de Estado guineense a Putin, citado pela Efe.

O líder do Kremlin, por seu turno, salientou as boas relações com a Guiné-Bissau e defendeu o seu desenvolvimento futuro: “Há ainda muito a fazer para o desenvolvimento das relações económicas, comerciais e humanitárias”, observou Vladimir Putin.

Putin recordou que no próximo ano a Rússia e a Guiné-Bissau celebram o 55.º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas e que a chegada de Sissoco Embaló a Moscovo é a primeira visita de um chefe de Estado deste país lusófono à Rússia.

Desde o início da campanha militar na Ucrânia, a Rússia tem dado prioridade às suas relações com África, cujos responsáveis têm estado entre os poucos líderes mundiais a visitar Moscovo nos últimos meses.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, visitou vários países africanos no verão, numa tentativa de procurar alternativas de cooperação com o Ocidente.

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro deste ano, mergulhando a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Depois de ganhos iniciais das tropas russas, a Ucrânia recebeu ajuda em equipamento militar dos seus aliados ocidentais, o que lhe permitiu iniciar recentemente uma contraofensiva.

A Ucrânia tem reivindicado ganhos territoriais em várias zonas do país, incluindo em regiões entretanto anexadas ilegalmente pela Rússia.

Em 30 de setembro, Moscovo oficializou a anexação de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia, numa decisão não reconhecida por Kiev nem pela generalidade da comunidade internacional.

A Rússia já tinha anexado anteriormente a península ucraniana da Crimeia, em 2014.

Desconhece-se o balanço de baixas civis e militares na guerra da Ucrânia, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm admitido que será consideravelmente elevado.

Ambas as partes têm anunciado quase diariamente sucessos das suas forças de combate, mas as informações não podem ser verificadas de imediato de forma independente.