“Nós esperamos que seja possível convencer um dia a França, que já esteve próxima de aceitar, a aceitar aquilo que é importante, não é para Portugal, não é para Espanha, é para a Europa. É uma questão de bom senso europeu”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa.
O chefe do Estado falava em Amarante, no distrito do Porto, à margem da cerimónia de início do programa comemorativo do nascimento de Agustina Bessa Luís, que é natural daquele concelho.
O Presidente da República recordou que “ainda agora a Alemanha reafirmou que concorda [com aquela solução através do Pirenéus] e a Comissão Europeia concorda”, acrescentando: “Em muitos países europeus, ainda há uma semana, com 14 ou 15 chefes de Estado, encontrei uma concordância geral para a Europa, relativamente à importância de abrir canais de acesso, neste caso do gás, vindo de fora da Europa, através de Portugal e da Espanha, para substituir, na medida do possível, os fornecimentos vindos da Federação Russa”.
Também esta sexta-feira, o primeiro-ministro português, António Costa, considerou que França “não vai seguramente querer estar isolada” na posição comum de apoio ao novo gasoduto ibérico, após uma reunião em Berlim com o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o homólogo espanhol, Pedro Sánchez, assumiu que
“Temos trabalhado os três (Portugal, Espanha e Alemanha) para que a França se possa mostrar de novo aberta a esta solução (…) À volta do Conselho não vai seguramente querer estar isolada nesta posição que é comum”, apontou António Costa aos jornalistas, assumindo que o executivo de Paris nem sempre esteve contra este projeto.
O primeiro-ministro português acrescentou que existem agora dois “novos argumentos” que devem convencer o Presidente francês, Emmanuel Macron, a apoiar o projeto “Midcat”, um gasoduto que ligue a Península Ibérica ao resto da Europa através dos Pirenéus.
“A infraestrutura que pode servir para o gás, pode servir também para o hidrogénio verde (…) e, até agora, parte importante da Europa, por exemplo aqui a Alemanha, era abastecida através da Rússia”, realçando a necessidade de serem encontradas soluções alternativas de energia, não estando “tão dependentes de um só fornecedor”.
Aos jornalistas no final da reunião na Chancelaria Federal, Costa assumiu que França seria a “solução natural” de passagem do gasoduto, não descartando “outras soluções mais difíceis e mais caras”.
A reunião entre Costa, Sánchez e Scholz acontece uma semana antes de os chefes de Estado e de governo da União Europeia terem encontro marcado em Bruxelas, a 20 e 21 de outubro, para a Cimeira do Conselho Europeu, onde deverão ser decididas medidas para a intervenção no mercado energético.
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