“Se necessário abro mão [da candidatura] com paz de espírito. Não haveria dificuldade”, disse o Presidente brasileiro, numa entrevista ao programa Power Focus, exibido na rede de televisão SBT.
Michel Temer, cuja popularidade está abaixo de 6%, disse que para ele desistir da reeleição será necessário que as forças políticas do Brasil se unam em torno de apenas um candidato “de centro”.
“Se queremos que o centro [vença] não podemos ter sete ou oito candidatos. A classe política precisa mobilizar-se para escolher um nome”, afirmou o chefe de Estado.
O Presidente brasileiro citou os pré-candidatos Geraldo Alckmin, Flávio Rocha, Afif Domingos e Paulo Rabelho de Castro como possíveis para representarem os partidos do centro.
O nome do atual presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que lançou sua pré-candidatura à Presidência no início de março, também foi incluído por Michel Temer nesta lista.
O Presidente abordou ainda a possibilidade de o ex-juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa ser candidato e consiga eleger-se Presidente do Brasil.
Joaquim Barbosa, negro, de origem humilde e que teve uma forte popularidade quando foi relator de um julgamento sobre um escândalo de suborno que ocorreu no Governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apareceu nas últimas sondagens como um dos candidatos que tem hipóteses de vencer as eleições.
Para Michel Temer, porém, estas caraterísticas não devem ser decisivas.
O Presidente brasileiro disse que não acredita que o antigo magistrado terá sucesso na corrida presidencial apenas “por ser negro ou porque ele era pobre”.
“Se me permite, eu discordo do facto de que ele poderá ser o Presidente porque é negro ou porque era pobre. Pobre, eu também fui. Lula era pobre. Esta não será a razão que fará alguém ser ou não Presidente “, disse Michel Temer.
Michel Temer voltou a defender o seu Governo e a continuidade do seu trabalho, frisando a importância de projetos como as mudanças no sistema de pagamento de pensões de reforma e a privatização da Eletrobras.
O chefe de Estado brasileiro mostrou-se visivelmente incomodado com as perguntas de jornalistas sobre as acusações de que ele supostamente teria usado o dinheiro ilícito para pagar obras em casa da sua filha.
A polícia está a investiga se as obras na casa de Maristela Temer foram pagas ilegalmente, depois de fornecedores de material daquela obra terem admitido que receberam dinheiro em espécie das mãos da mulher do coronel João Batista Lima Filho, amigo íntimo do Presidente brasileiro, como pagamento dos seus serviços.
João Batista Lima Filho foi citado numa delação premiada (colaboração com a Justiça em troca da redução da pena]) feita por executivos da empresa JBS como sendo o intermediário de um pagamento de suborno de um milhão de reais (236 mil euros) a Michel Temer.
O coronel João Batista Lima Filho chegou a ser preso, mas não falou com as autoridades e foi libertado três dias depois devido a problemas de saúde.
“Foi uma reforma regularmente paga, regularmente esclarecida. Eu não tenho a informação do depoimento que ela [Maristela Temer] deu, mas eu sabia que era tudo para o melhor “, disse Michel Temer.
Maristela Temer foi ouvida na última quinta-feira pela Polícia Federal sobre este caso.
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