O estado de emergência estava em vigor desde 18 de junho, inicialmente em três das 24 províncias do Equador e mais tarde alargada a seis províncias onde se concentravam os protestos liderados pela Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie).

Com esta decisão, o Governo “ratifica a vontade de garantir a geração de espaços de paz nos quais os equatorianos possam retomar gradualmente as suas atividades”, disse um porta-voz da presidência do Equador.

O fim do estado de emergência foi anunciado horas após uma primeira reunião entre o líder da Conaie, Leonidas Iza, e representantes do executivo, convocada pelo presidente do parlamento do Equador, Virgilio Saquicela.

“O diálogo já começou, não houve nenhum compromisso, mas simplesmente a decisão da Conaie de consultar a sua base para nomear uma comissão para iniciar o diálogo”, explicou Saquicela.

O fim do estado de emergência foi anunciado durante um plenário da Assembleia Nacional equatoriana, para discutir um pedido de exoneração de Guillermo Lasso, devido aos protestos que já provocaram seis mortos e pelo menos 200 feridos.

A exoneração exigiria dois terços da Câmara, o que equivale a 92 dos 137 deputados, um número que será difícil de alcançar, depois de partidos como a Esquerda Democrática e o Partido Social Cristão terem anunciado que votarão contra.

Se a moção for bem-sucedida, o vice-presidente assumirá a presidência e serão convocadas, no prazo de sete dias, eleições legislativas e presidenciais antecipadas.

Na sexta-feira, numa reunião de indígenas, Leonidas Iza disse que “há uma decisão do povo, que quer que o Presidente da República, se não teve capacidade de resolver os problemas, vá embora”.

Na semana passada, Guillermo Lasso aceitou parte das reivindicações dos manifestantes, incluindo o cancelamento de dívidas para famílias camponesas de até três mil dólares (2.800 euros), a redução das taxas de juros e o aumento de 50 para 55 dólares (de 47 euros para 52 euros) de um subsídio para famílias vulneráveis.

No entanto, o Presidente recusou o congelamento e redução de preços de combustíveis, o controlo de preços dos bens de primeira necessidade, o fim das privatizações e a suspensão de novas explorações de petróleo e minério na Amazónia equatoriana.