“Pretende-se concluir a candidatura até ao final de 2023, para depois ser submetida”, declarou Ana Moderno.
Em março de 2022, o Município da Batalha, no distrito de Leiria, anunciou que iria iniciar o processo de classificação da Procissão dos Caracóis como Património Cultural Imaterial.
A primeira de duas procissões ocorre no sábado à noite, depois do “apagão” da iluminação pública.
Milhares de cascas de caracóis enchidas, previamente, de azeite e com pavio, são acesas pela população antes da passagem da procissão com a imagem de Nossa Senhora do Fetal do santuário com o mesmo nome para a Igreja Matriz. No sábado seguinte, dia 30, a procissão repete-se, agora em sentido contrário.
As cascas de caracóis ocupam terrenos, muros ou paredes, formando motivos ou palavras ligadas à vida da freguesia, à Igreja e outros temas, num percurso de cerca de 800 metros.
Segundo Ana Moderno, após o anúncio da Câmara do início do processo para a classificação, foi desenvolvido um trabalho de recolha de informação, sendo que uma das iniciativas foi a realização de um documentário, resultado de uma parceria com a Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Politécnico de Leiria.
“Fizemos na procissão do ano passado recolhas de testemunhos de residentes e de emigrantes”, referiu, adiantando que o documentário inclui diversos testemunhos, entre os quais do presidente da junta, do pároco, de pessoas que participam nos preparativos, de elementos de associações e até de crianças, “dando aqui uma perspetiva de futuro e de continuidade da procissão”.
A técnica do Museu da Comunidade Concelhia da Batalha assinalou que, com este documentário, se conseguiu “ter esta perspetiva de multiolhares sobre a festa”.
Paralelamente, decorreu investigação documental, com recurso a fontes escritas e orais, sobre a procissão e a própria freguesia.
“Todos estes levantamentos permitem-nos fazer uma abordagem histórica contextualizada daquilo que é a procissão, tentar ir ao encontro, mais fidedignamente possível, das origens da procissão”, exemplificou.
Explicando que a Procissão dos Caracóis terá iniciado no século XIX, “mas a devoção a Nossa Senhora do Fetal é bastante mais antiga e vem na sequência da crença do milagre” da santa “a uma pastorinha pobre”, Ana Moderno realçou que esta devoção deu depois origem à criação do santuário com o mesmo nome.
“Era um santuário de grande devoção, de grande peregrinação nesta zona, muito antes de Fátima”, a cerca de 11 quilómetros, cujos acontecimentos remontam a 1917, referiu.
Ana Moderno esclareceu ainda que todo este trabalho de investigação e recolha está a ser introduzido numa plataforma associada à Direção-Geral do Património Cultural, incluindo texto, fotografias e vídeo.
“Já estamos nesta fase de preenchimento (…) e depois é a submissão da candidatura, para ser avaliada”, precisou.
Salientando que para ser apreciada uma manifestação desta natureza, neste caso religiosa, tem de, entre outros aspetos, estar viva e com “perspetivas de continuidade”, a conservadora frisou que na Procissão dos Caracóis “isso acontece”.
“Há aqui uma parte que é muito importante e que vamos defender na candidatura, que é esta transmissão também escolar. (…) Os próprios alunos também fazem as suas decorações na festa”, declarou.
Na candidatura, estão envolvidas, além da Câmara, a Paróquia do Reguengo do Fetal e respetiva comissão, e a Junta de Freguesia.
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