Num comunicado divulgado na quarta-feira, as autoridades norte-americanas indicaram que há “provas abundantes” de que o Irão está a enviar para a Rússia drones (aeronaves não tripuladas) que estão a ser usados na Ucrânia e garantiram que “não hesitarão” em usar sanções e “outras ferramentas apropriadas” para punir todas as partes envolvidas.
O Governo iraniano tem negado sistematicamente a entrega de armamento, em particular de drones, à Rússia.
No comunicado, Washington acusou o Irão de mentir e garantiu estar determinado, junto com os parceiros ocidentais, a impedir que a Rússia continue a receber equipamento militar de Teerão.
Horas antes, também a União Europeia (UE) admitiu impor sanções contra o regime iraniano, sublinhando ter reunido “provas” suficientes de que os ‘drones’ utilizados pela Rússia na Ucrânia foram fornecidos por Teerão.
“Agora que reunimos provas suficientes, estamos a trabalhar numa resposta europeia clara, rápida e firme”, disse Nabila Massrali, porta-voz do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.
Uma lista de sanções foi submetida aos Estados membros e é esperada uma decisão “durante a semana”, referiu uma fonte diplomática citada pela agência de notícias France-Presse.
O Conselho de Segurança da ONU reuniu-se na quarta-feira em Nova Iorque, a pedido dos Estados Unidos, França e Reino Unido, devido à presença de ‘drones’ iranianos na guerra russa na Ucrânia.
No final da sessão à porta fechada, o representante permanente adjunto da Rússia na ONU, Dmitry Polyanskiy, avisou que o país irá reconsiderar a continuidade da sua cooperação com o secretário-geral da ONU, António Guterres, caso a organização envie à Ucrânia uma missão para inspecionar a utilização de ‘drones’ iranianos na guerra.
Já o principal diplomata iraniano na ONU, Saeed Iravani, argumentou que o Irão tem cooperação de defesa com a Rússia há muitos anos, mas que Teerão não apoia a guerra na Ucrânia, nem forneceu nenhuma arma fabricada pelo seu país à Rússia para uso na guerra contra a Ucrânia.
A Força Aérea ucraniana indicou na quarta-feira ter destruído 223 ‘drones’ iranianos desde meados de setembro.
Os europeus já tinham sancionado na segunda-feira onze altos responsáveis iranianos, incluindo o chefe da polícia da moralidade, envolvidos na repressão aos protestos desencadeados pela morte da jovem Mahsa Amini.
A jovem Mahsa Amini, de 22 anos, morreu no hospital em 16 setembro, depois de ser detida dias antes pela polícia da moralidade por não utilizar corretamente o véu islâmico.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas — mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.306 civis mortos e 9.602 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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