Fernando Negrão dedicou grande parte da sua intervenção no debate quinzenal no parlamento à situação dos transportes públicos, questionando por que razão o Governo não conseguiu responder à medida de redução do preço dos passes sociais com “mais respostas nos transportes”.
“O que é que aconteceu, terão sido as eleições?”, perguntou.
Costa desafiou o líder da bancada do PSD a esclarecer primeiro se era “a favor ou contra” a redução do preço dos passes sociais, com Negrão a responder que os sociais-democratas apresentaram no último Orçamento do Estado “uma proposta para baixar os passes sociais em todo o território”, que foi chumbada pela bancada do PS.
“Votou contra a redução dos passes sociais em Lisboa, no Porto e em todo o país. Ao contrário do que tem sido a campanha do PSD e, em particular do seu presidente, – certamente induzido em erro por informação que Vossa Excelência lhe transmitiu – esta medida é extensível a todo o país”, contrapôs Costa.
O primeiro-ministro aconselhou Negrão a falar com “qualquer presidente de Câmara do PSD” e, em particular, com o de Mafra, Helder Silva (que até acompanhou António Costa numa viagem em vários transportes no dia em que os novos passes entraram em vigor), apontando que neste concelho “as famílias poupam mais de cem euros por mês”.
“Aconselho vivamente o primeiro-ministro a ir fazer uma viagem de Barreiro para Lisboa de manhã ou de Lisboa para o Barreiro ao fim da tarde, juntamente com os portugueses que não têm condições”, afirmou Negrão, ‘devolvendo’ a Costa o conselho.
O líder parlamentar do PSD recordou que, na semana passada, o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, até pediu desculpas pela situação da CP e António Costa, na qualidade de secretário-geral do PS, admitiu “situações inaceitáveis” e que exigiam “soluções imediatas” nos serviços públicos.
“Aparentemente foram passos de grande humildade, mas só para quem está distraído, a vossa resposta tem sido sempre que trazemos esses assuntos que o PSD faz política de casos e recusam-se a responder”, criticou, desafiando o primeiro-ministro a dizer o que vai fazer e quando na área dos serviços públicos.
Na resposta, Costa aproveitou para fazer uma comparação entre o número de passageiros, oferta e recursos humanos no setor dos transportes, que diz ter aumentado desde que é primeiro-ministro em comparação com a anterior legislatura do executivo PSD/CDS-PP
“Estamos a fazer isto nos transportes, como na emissão do cartão do cidadão ou na emissão de passaportes, como de outros serviços que estavam em rutura (…) Se me pergunta se já podemos ir de férias, não, não podemos ir de férias, porque é preciso continuar a melhorar a qualidade dos serviços públicos prestados aos portugueses”, afirmou.
“É muito fácil destruir e é muito mais difícil reconstruir, mas nós não desistimos do difícil”, acrescentou.
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