Escalado para falar em nome dos liberais do Renew, João Cotrim de Figueiredo — eleito nas Europeias de junho e escolhido para vice-presidente deste grupo político — é o primeiro português a falar em Estrasburgo.
Segue-se Lídia Pereira, reeleita pelo PSD para o grupo Partido Popular Europeu (PPE), do qual tornou-se também vice-presidente. Por fim, a outra estreia é a de Marta Temido, eleita pelo PS para o grupo dos Socialistas e Democratas (S&D).
As intervenções nacionais ocorrem na sequência da sessão plenária da assembleia europeia, na cidade francesa de Estrasburgo, onde Ursula von der Leyen apresenta o seu programa e as suas propostas para uma eventual reeleição.
Após reuniões nos últimos dias com várias bancadas do Parlamento Europeu (como Socialistas, Liberais, Verdes e Conservadores) para apelar ao aval destas famílias políticas, a candidata do Partido Popular Europeu (PPE) já fez o primeiro discurso da manhã, seguindo-se outros.
O BE, PCP e Chega vão votar contra a reeleição de Ursula von der Leyen para a Comissão Europeia, com PS ainda indeciso e IL, PSD e CDS a votarem a favor.
Depois de terem preferido a candidata da Esquerda Europeia na terça-feira na votação para a presidência do Parlamento Europeu em vez de apoiar a reeleição de Roberta Metsola, do Partido Popular Europeu (PPE), o Bloco de Esquerda e o PCP vão ‘chumbar’ a alemã. O Chega terá o mesmo sentido de voto.
Como justificações para o voto contra, a eurodeputada bloquista Catarina Martins enumerou, em declarações aos jornalistas portugueses à margem da sessão plenária, na cidade francesa de Estrasburgo, as “questões da guerra e da paz”, destacando a “forma dúplice como apoia Israel, que está a cometer um genocídio em Gaza com dinheiro e armas que são também europeus”.
“Mas também com um pacote de governação económica que promete no futuro mais austeridade para a Europa, menos capacidade para os serviços públicos ou um vergonhoso pacto das migrações”, acrescentou.
Pelo PCP, João Oliveira assinalou a “objeção de fundo” ao “rumo que constitui a eleição” da alemã para se manter como líder do executivo comunitário, justificando com questões relacionadas com a paz e problemas económico-sociais e ambientais.
O eleito do Chega António Tânger Corrêa também rejeitou tal apoio: “Isso está fora de questão”.
Ainda por decidir está o voto do PS. Escusando-se a falar pelos socialistas europeus, Marta Temido indicou sem precisar estarem ainda por esclarecer “dúvidas de detalhe de pontos colocados em cima da mesa” pelo grupo dos Socialistas e Democratas (S&D).
“Nós somos confiáveis em relação àquilo que assumimos como compromissos”, os quais “não têm por base posições, mas conteúdos políticos e, portanto, […] têm de ser respeitados”, disse ainda, numa alusão ao acordo partidário alcançado entre o PPE, S&D e Liberais sobre os cargos de topo europeus.
Ao centro e direita, é consensual o apoio a Von der Leyen, com o eurodeputado da IL João Cotrim de Figueiredo a afirmar que, a seu ver, “o acordo está suficientemente equilibrado para poder merecer uma votação favorável”.
O parlamentar liberal indicou que, por exemplo, a posição crítica da alemã sobre a presidência húngara da UE responde às suas “dúvidas” sobre salvaguarda do Estado de direito da União Europeia.
O eurodeputado do PSD Sebastião Bugalho estimou uma vitória de Von der Leyen, uma vez que o “bom resultado” alcançado por Metsola “prova que é possível que as famílias europeias, mesmo quando divergem, conseguem encontrar consensos quando é necessário”.
Também Ana Pedro, do CDS, disse esperar “um bom resultado”, embora admitindo que “todos os votos contarão” e que, para tal, será necessário que “todas as forças políticas que estão neste acordo cumpram a sua parte do acordo”.
A votação surge após von der Leyen se ter vindo a reunir com algumas bancadas parlamentares (como Socialistas, Liberais, Verdes e Conservadores) para apelar ao aval destes parlamentares para um novo mandato de cinco anos. Os Europeus Conservadores e Reformistas colocaram-se ao lado da maioria da assembleia europeia no apoio à Ucrânia, procurando, assim, demarcar-se do cordão sanitário à extrema-direita em vésperas da votação para a reeleição .
A primeira mulher na presidência da Comissão Europeia foi aprovada pelo Parlamento Europeu em julho de 2019 com 383 votos a favor, 327 contra e 22 abstenções, numa votação renhida.
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