Segundo a organização, o número de pessoas a precisar de assistência e proteção naquele país cresceu 16% em 2018, face ao ano anterior, passando de 2,5 milhões para 2,9 milhões, dos quais 1,9 milhões requerem uma assistência "imediata e urgente"

Nesse sentido, o governo e a representação humanitária no país lançaram hoje o Plano de Resposta Humanitária para 2019, que visa apoiar 1,7 milhões de pessoas em situação "extremamente vulnerável" e que está orçamentado em 375,2 milhões de euros.

Segundo a OCHA, o plano assume três objetivos estratégicos: "salvar vidas, fortalecer a proteção das pessoas afetadas e preservar a dignidade humana, ao mesmo tempo que permite o acesso a serviços básicos".

A organização sublinha que o plano surge numa altura em que a "deterioração da situação de segurança é evidente", alertando que o número de incidentes com trabalhadores humanitários aumentou de 337 em 2017 para 396 incidentes em 2018.

Em 2018, foram arrecadados 254 milhões de dólares (221,3 milhões de euros) que possibilitaram assistir mais de 900 mil pessoas na RCA.

A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por vários grupos juntos na designada Séléka (que significa coligação na língua franca local), o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.

O conflito neste país, com o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados, e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.

O Governo do presidente Faustin-Archange Touadéra, um antigo primeiro-ministro que venceu as presidenciais de 2016, controla cerca de um quinto do território.

O resto é dividido por 18 milícias que, na sua maioria, procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.

Portugal participa na Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA, comandada pelo tenente-general senegalês Balla Keita, que já classificou as forças portuguesas como os seus ‘Ronaldos’.

Portugal tem 209 militares empenhados em missões na RCA, dos quais 159 na MINUSCA - uma companhia de paraquedistas e elementos de ligação -, e 50 na Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA).

A importância da participação portuguesa é ainda salientada pelo facto de o 2.º comandante da MINUSCA ser o general Marco Serronha e o comandante da EUMT-RCA ser outro oficial general português, o brigadeiro-general Hermínio Teodoro Maio.