A três dias das eleições presidenciais, legislativas e provinciais, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Leonard She Okitundu, justificou "o convite" para a União Europeia promover o retorno do chefe de missão, o belga Bart Ouvry, como "medida que pune o comportamento repreensível da pessoa em questão e, por outro lado, faz parte da reciprocidade".

Okitundu aludiu "às sanções infligidas unilateralmente pelo Conselho da Europa a personalidades eminentes da RDCongo", entre as quais o candidato presidencial Emmanuel Ramazani Shadary, delfim do Presidente em exercício, Joseph Kabila, no poder de janeiro de 2001 e impedido de se recandidatar a novo mandato pela Constituição.

O membro do Executivo de Kabila acusou a União Europeia de "não ter se debruçado" sobre o pedido que fez de "levantamento" ou "suspensão" das sanções renovadas pelo Conselho Europeu neste mês "até a realização de eleições gerais na RDCongo".

As sanções contemplam o congelamento de possíveis bens e a proibição de atribuição de vistos a 14 personalidades do regime do Presidente Kabila acusados de violações dos direitos humanos do homem. Essas medidas sancionatórias, tomadas no início de 2017, foram renovadas em 10 de dezembro último por mais um ano, após o qual o Conselho da Europa reavalia.

As eleições na RDCongo realizam-se no domingo, mas não em todo o país.

Na quarta-feira, após análise de relatório parcial que revela novas tensões na crise na RDCongo, a comissão eleitoral daquele país anunciou que as eleições em Beni-Butembo, na província do Kivu Norte, e Yumbi, em Mai-Ndombe, duas zonas em que se registam conflitos, se realizam apenas em março do próximo ano. As duas regiões estão também a ser afetadas pelo vírus Ébola, pelo que a comissão eleitoral justificou o adiamento com a falta de condições de segurança.

Embaixada portuguesa em Kinshasa pede prudência à comunidade

Numa publicação através da rede social Facebook, feita precisamente uma semana antes das eleições, que vão escolher um novo Presidente da República, a embaixada lembrou que o dispositivo de segurança na capital "foi assegurado pelas autoridades", mas assinalou que "não obstante a confiança que inspiram essas palavras, seria conveniente observar as habituais medidas de prudência sugeridas em vésperas de eleições".

Além de aconselhar os quase 700 portugueses que vivem na RDCongo a evitar "sair sem necessidade no dia das eleições", a embaixada pede ainda que guardem mantimentos para "qualquer eventualidade".

A embaixada portuguesa sugere que a comunidade guarde bens essenciais, como cerca de seis litros de água por pessoa para cinco dias - para beber e para a higiene básica - e alimentos enlatados ou de validade prolongada para pelo menos três dias.

Também a presença de rádios, "para se manterem informados da situação", e de lanternas e pilhas, "que pode tornar-se a única fonte luminosa", é aconselhada.

A representação portuguesa na RDCongo pede ainda aos portugueses para se fazerem acompanhar da "documentação necessária para poderem viajar" na eventualidade de "a situação degenerar".

De acordo com os mais recentes dados dos registos consulares da embaixada de Portugal em Kinshasa, há cerca de 700 portugueses a viver na RDCongo, a grande maioria (570) na capital, Kinshasa, disse à Lusa fonte da secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.

Há ainda uma comunidade de cerca de uma centena de portugueses na cidade de Lubumbashi e outros pequenos núcleos em Kisangani e Kananga.

Estes números representam apenas inscrições consulares, não contabilizando entradas e saídas do país.