“A amplitude das restrições impostas por Israel à entrada da ajuda em Gaza, assim como a forma como continua a enfrentar as hostilidades, pode equivaler à utilização da fome como método de guerra, o que constitui um crime de guerra”, disse Jeremy Laurence, porta-voz do Alto Comissariado dos Direitos do Homem.

O Alto-Comissário, Volker Turk, designou Israel como responsável pela situação alimentar na Faixa de Gaza e, particularmente, no norte do enclave palestiniano.

“A situação de fracasso e de fome é o resultado das restrições impostas por Israel à entrada e à distribuição da ajuda humanitária e dos bens comerciais, ao deslocamento da parte maior da população, além da destruição de infraestruturas civis cruciais”, sublinhou Turk num comunicado.

Numa declaração enviada aos ‘media’, a representação israelita nas Nações Unidas em Genebra respondeu que “Israel fez tudo o que está ao seu alcance para fazer chegar ajuda a Gaza”.

Metade dos habitantes do território palestiniano enfrentam uma situação alimentar catastrófica, especialmente no norte, onde a fome atingirá o auge até maio, perante a ausência de medidas urgentes, avisaram as agências especializadas da ONU.

“Israel, como poder ocupante, tem a obrigação de garantir o fornecimento de alimentos e cuidados médicos à população, de acordo com as suas necessidades, e de facilitar o trabalho das organizações humanitárias para fornecer essa assistência”, insistiu o Alto-Comissário.

Mais de 1,1 milhão de habitantes de Gaza enfrentam “uma situação de fome catastrófica”, próxima da fome, o número mais alto já registado pela ONU, baseado no relatório do Quadro Integrado de Classificação de Segurança Alimentar (IPC) publicado na segunda-feira.

Se nada mudar, isso significa, a longo prazo, “mais de 200 pessoas a morrer de fome a cada dia”, avisou o porta-voz do Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) da ONU, Jens Laerke.