No final de uma audiência com o Comité Olímpico de Portugal, Rio foi questionado sobre as razões da sua recandidatura, anunciada na terça-feira em comunicado, dizendo que lhe é “completamente indiferente” a avaliação de quem pode estar ou não em vantagem neste momento.

“Isto tem a ver com as convicções e com aquilo que é a minha obrigação. Tenho obrigação ou não tenho obrigação? Tenho obrigação de olhar para a minha vida pessoal e para o que acarreta um esforço pessoal desta função e da candidatura a primeiro-ministro ou colocar em primeiro lugar, não a vida pessoal, mas o país e o partido”, explicou.

Na sua ponderação de fatores, o presidente do PSD chegou à conclusão de que “não era facilmente entendível pelos portugueses e pelos militantes” que dissesse “chega”.

“A maioria não entenderia e, de certa forma, exige-me, com alguma razão, que esteja disponível para esse lugar”, afirmou.

Questionado sobre uma alegada vantagem do outro candidato já assumido, o eurodeputado Paulo Rangel, em termos de apoios de estruturas, Rio desvalorizou essas contas.

“Quem vai decidir é o militante. Cada militante lá pensará e dirá gosto mais do A, gosto mais do B, gosto mais do C. Haverá alguns que não sabem e dirão ‘diz-me lá em quem votas’, mas a maioria são homens e mulheres livres que irão votar em função do que é melhor para o país e não em que os mandam”, afirmou.

Rio não adiantou ainda onde e quando fará a apresentação da sua candidatura, deixando a entender que será no final da semana e fora de Lisboa.

Questionado se considera ainda ter apoio no partido para voltar a disputar estas diretas, Rio respondeu: “Claro que tenho”, lembrando que já venceu outras eleições dentro e fora do partido.

“No tempo dos congressos, quem elegia os líderes eram as distritais, em boa hora o partido acabou com isso e o líder do partido é escolhido por eleições diretas”, afirmou.

Rio disse que, se acreditasse nas notícias de jornais sobre este assunto, “há quatro anos já tinha perdido, há dois anos já tinha perdido”.

“Agora ainda não li isso, mas vou ler nos próximos dias, não vale nada”, considerou e recorreu a uma metáfora futebolística.

“Cada jogo é um jogo, cada eleição é uma eleição”, afirmou.

Questionado se a rejeição da sua proposta de suspender o calendário eleitoral pelo Conselho Nacional até ao Orçamento do Estado não antecipa uma derrota nas diretas, Rui Rio fez questão de separar os dois planos.

“O que aconteceu no Conselho Nacional não tem a ver com vitória ou com derrota, o que aconteceu foi uma divergência”, classificou.

O presidente do PSD insistiu que, na sua perspetiva, face à possibilidade de uma crise política perante a ameaça do PCP e do BE de votarem contra o OE2022 teria sido melhor ponderar a “situação difícil” em que ficará o partido se esse cenário se se concretizar.

“Isto explicado a quase dez milhões de portugueses não há quase ninguém que não entenda isto, não mereceu acolhimento da maioria do Conselho Nacional, não quer dizer por isso que sinta que deixei de ter razão”, afirmou.