Nesta que é a primeira sessão plenária do ano, realizada na cidade francesa de Estrasburgo, os eurodeputados elegeram a nova presidente da assembleia europeia, procedimento que já estava previsto a meio da atual legislatura e não relacionado com a morte de David Sassoli.

Na votação realizada hoje de manhã, Metsola obteve 458 votos entre 616 votos expressos, superando por larga margem a maioria absoluta de que necessitava (309), anunciou o eurodeputado português Pedro Silva Pereira, que dirigiu o ato eleitoral enquanto segundo vice-presidente da assembleia.

Roberta Metsola, que cumpre hoje 43 anos, advogada, torna-se a terceira mulher a presidir ao Parlamento Europeu, e a primeira maltesa a dirigir uma instituição europeia.

A vitória de Metsola, até agora primeira vice-presidente do Parlamento Europeu, era já esperada, em função do entendimento entre as três maiores bancadas do hemiciclo, que previa que a presidência da assembleia europeia na segunda metade da legislatura coubesse a uma figura escolhida pelo PPE, de centro-direita, após o socialista Sassoli a ter assumido nos dois primeiros anos e meio.

Felicitada por Pedro Silva Pereira, pela eleição e pelo aniversário, e convidada a assumir o cargo, as primeiras palavras de Metsola enquanto presidente foram precisamente em memória de Sassoli.

“Um lutador, sempre em defesa dos valores comuns da democracia, dignidade, justiça, solidariedade, igualdade, Estado de direito e direitos fundamentais”, assinalou.

A eleição do presidente do Parlamento Europeu realiza-se por escrutínio secreto, sendo que, para ser eleito, um candidato deve obter a maioria absoluta dos votos expressos válidos, ou seja, 50% mais um.

Devido à pandemia, a votação foi realizada por via remota, já que alguns eurodeputados não participam presencialmente na sessão.

Foram anunciadas quatro candidaturas à presidência da assembleia europeia: da maltesa Roberta Metsola (PPE), da sueca Alice Bah Kuhnke (Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia), do polaco Kosma Zlotowski (Grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus) e da espanhola Sira Rego (Grupo da Esquerda).

O anúncio oficial das candidaturas foi feito na segunda-feira (no prazo previsto) em plenário pelo vice-presidente do Parlamento Europeu (PE), Pedro Silva Pereira.

Todos os cargos eleitos do Parlamento Europeu (presidente, vice-presidente, questor, presidente e vice-presidente de comissão e presidente e vice-presidente de delegação) são renovados a cada dois anos e meio.

Na segunda-feira, o Parlamento Europeu prestou homenagem a David Sassoli, numa cerimónia em Estrasburgo, durante a qual vários dirigentes europeus destacaram o legado que deixa na Europa, marcado pela defesa dos mais vulneráveis.

Sassoli morreu em 11 de janeiro, aos 65 anos, em Aviano (Itália), onde se encontrava hospitalizado desde 26 de dezembro, sendo o primeiro presidente do Parlamento Europeu a morrer em exercício de funções nas quais estava prestes a ser substituído, no cumprimento de um acordo de partilha do mandato de cinco anos.

David Sassoli contraiu uma pneumonia em setembro de 2021, que o obrigou a receber tratamento hospitalar em Estrasburgo e, embora tenha recebido alta hospitalar uma semana depois, prosseguiu a recuperação em Itália e esteve mais de dois meses ausente das sessões plenárias do parlamento, regressando no final do ano.

O funeral do político italiano, com honras de Estado, teve lugar na passada sexta-feira, em Roma.