A juíza do Tribunal Superior Alison Mackenzie decidiu a favor de uma moção da ré Paramount Pictures, que os atores queriam processar, rejeitando o processo movido por Olivia Hussey, que interpretou Julieta aos 15 anos e tem agora 72, e Leonard Whiting, que interpretou Romeu aos 16 e também tem 72 anos.
Alison Mackenzie determinou que a cena não equivalia a pornografia infantil e está protegida pela Primeira Emenda à Constituição dos EUA, e constatou que os atores “não apresentaram nenhuma autoridade mostrando aqui que as cenas do filme podem ser consideradas suficientemente sexualmente sugestivas nos termos da lei para serem consideradas conclusivamente ilegais”.
O advogado dos atores, que recusa a decisão, anunciou que pretende entrar com outra versão do processo na Justiça Federal.
“Acreditamos firmemente que a exploração e a sexualização de menores na indústria cinematográfica devem ser enfrentadas e tratadas legalmente para proteger os indivíduos vulneráveis de danos e garantir a aplicação das leis existentes”, disse em comunicado o advogado Solomon Gresen.
O filme foi um sucesso na época e - apesar da cena de nudez que mostra, por momentos, as nádegas nuas de Whiting e os seios nus de Hussey - foi visto por gerações de estudantes que estudavam a tragédia de Shakespeare.
O diretor Franco Zeffirelli, que morreu em 2019 aos 96 anos, disse inicialmente aos dois atores que íam usar roupas íntimas cor de pele na cena do quarto no final do filme, gravada nos últimos dias da filmagem, segundo alegaram no processo.
Deviam atuar nus "ou o filme iria falhar"
Os atores acabaram por ser filmados nus sem terem conhecimento, o que viola as leis federais contra a exploração de crianças, e Franco Zeffirelli, segundo processo, ter-lhes-á dito que deviam atuar nus "ou o filme iria falhar" e as suas carreiras prejudicadas.
Os atores alegaram ter ocorrido o contrário, que nenhum teve a carreira de sucesso sugerida e que cada um sofreu danos emocionais e angústia emocional durante décadas, pedindo por isso mais de 500 milhões de dólares (464,2 milhões de euros) por danos causados.
A juíza citou um precedente do tribunal de recurso que dizia que a pornografia infantil é “particularmente repugnante” mas “nem todas as imagens de crianças nuas são pornográficas”.
A decisão judicial baseou-se na lei da Califórnia, que visa proteger a liberdade de expressão dos réus de ser reprimida por ações judiciais e geralmente é a primeira linha de defesa quando uma ação é interposta.
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